Sexta, 17 de novembro de 2017

(Sb 13,1-9; Sl 18A[19]; Lc 17,26-37) 
32ª Semana do Tempo Comum.

Uma constante nos salmos é a menção do dia e da noite, como realidades concretas saídas das mãos do Criador e podem expressar a totalidade, mesmo se as expressões pareçam opostas. “De acordo com a lei do paralelismo, que é a maior característica da poesia hebraica, com frequência a noite e o dia são mencionados em separado, nos dois hemistíquios de um mesmo versículo, como se sugerisse que, por cima da alternância de ambos, existe alguma coisa que permanece constante. [...] Quanto ao significado específico do dia e da noite, tomados em separado, é ambivalente. Por um lado, toda a história da salvação é uma luta entre o bem e o mal, simbolizados respectivamente pela luz e pelas trevas, ou, o que dá no mesmo, pelo dia e pela noite. A história começa com as trevas iniciais, e o combate chega ao seu paroxismo com a Paixão (‘mas esta é a vossa hora, e é o império das trevas!’, diz Jesus aos que vão prendê-lo; Lc 22,53), culmina na vitória do amanhecer da Páscoa e termina com a visão da Jerusalém celestial, que não conhece a noite, nem precisa que o sol e a lua a iluminem, porque é iluminado pela glória de Deus e sua lâmpada é o Cordeiro de Deus (cf. Ap 21,23)” (Hilar Raguer – Para Compreender os Salmos – Loyola).

O autor dos livros da Sabedoria comenta a insensatez dos que não reconhecem a Deus a partir da própria criação, mas o nosso salmista não perde vista as ‘pegadas’ deixadas pelo criador. No salmo 19 (vv. 2-5), “o salmista engloba o espaço (‘céus’ e ‘firmamento’, v.2) e os tempos (‘dia’ e ‘noite’, v. 3) no anúncio da glória de Deus. Trata-se de um anúncio que não é linguagem, que não tem palavras nem sons, e, no entanto, espalha-se por todo o mundo. Nasce da visibilidade das obras do Deus criador” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).


  Pe. João Bosco Vieira Leite