Segunda, 31 de julho de 2017

(Ex 32,15-24.30-34; Sl 105[106]; Mt 13,31-35) 
17ª Semana do Tempo Comum.

É difícil compreender como o povo de Deus foi acabar nesse ritual de idolatria, mesmo não se prostrando perante o bezerro de ouro, mas segundo eles teria sido tal divindade que os fez sair do Egito. O texto responsabiliza quem os guia, mesmo salvaguardando a figura de Moisés que aparece como intercessor, como guia seguro e confiável. “A rotina quotidiana, a superficialidade da cultura dominante em que estamos mergulhados e à qual facilmente nos adaptamos, a ausência ou distanciamento de guias capazes de transmitir a Palavra da vida fazem-nos correr o risco de esquecer a verdadeira fonte da nossa salvação e de trocar o nosso Salvador por alguma das Suas criaturas. O silêncio de Deus e dos seus profetas é uma ocasião fácil de pecado, mas amiúde os nossos próprios irmãos que servem o Senhor e a sua Palavra são capazes de gestos de solidariedade inesperados, desde que consigam levar de novo ao Pai as pessoas que lhes são confiadas” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). As parábolas do grão de mostarda e do fermento na massa nos colocam na dimensão do crescimento e transformação de coisas pequeninas capazes de transformar uma realidade. Se o Reino entra em nossa vida de fato, esse Reino se faz presente no mundo.


Pe. João Bosco Vieira Leite

17º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(1Rs 3,5.7-12; Sl 118[119]; Rm 8,28-30; Mt 13,44-52).

1. Certamente já ouvimos falar de Salomão, que sucedeu a Davi no reinado sobre Israel. Sua pessoa se destacou pela habilidade política, mas particularmente pela sua sabedoria. É sobre essa sabedoria que trata a 1ª leitura de nossa missa. Ela é vista como um dom de Deus. Ele a desejou acima de todas as riquezas ou benefícios.  

2. A sua escolha já se torna sábia em sua origem, pois sendo muito jovem e tendo que conduzir um povo, estava sujeito a todas aquelas coisas e desmandos dos governantes, que bem conhecemos. Ele pede um coração compressivo, capaz de discernir entre o bem e o mal. Uma riqueza maior, que nos lança ao coração do evangelho, ao nos falar da busca do verdadeiro tesouro para nossa vida.

3. Olhando superficialmente esse mundo em que vivemos, pensamos se o plano salvífico de Deus para a humanidade ainda está acontecendo. Paulo nos diz que sim. Toda essa gama de coisas terríveis que presenciamos, e algumas nos alcançam, não escapam do plano divino.

4. Em sua sabedoria, Deus conduz os fatos para que de alguma forma, estes colaborem na realização do projeto divino. Paulo compreende que todo ser humano é chamado à salvação, mas sabe que nem todos acolherão a pregação do evangelho, pelo chamado que a Palavra realiza.

5. Pelo batismo acontece a justificação e o reconhecimento de sua filiação divina. É nesse sentido que podemos acolher o tema da ‘predestinação’.

6. Chegamos ao fim do discurso das parábolas com a escuta das parábolas do tesouro e da pérola, que contém o mesmo sentido: descobrir, vender tudo para adquirir algo de valor inestimável. Não precisamos fazer muito esforço para entender que o Reino apresentado por Jesus é esse grande tesouro. Quem descobriu o seu valor fará uma grande revolução na sua vida para abraçar a sua dinâmica.

7. Que mudanças não provocou em nossa vida a nossa fé em Jesus, o conhecimento de sua proposta de vida? E quão estranha é a nossa vida cristã para quem não tem fé? Se nada de fato mudou, se não aprendemos a abrir mão de certas coisas, se não criamos outra escala de valores, talvez não tenhamos abraçado de fato o Reino. Tentamos apenas acomodá-lo à nossa vidinha.

8. A parábola fala também de urgência em determinar-se pelo Reino, para não perder o tesouro. E da alegria própria de quem está feliz com a escolha feita. Ela pode ser fruto de uma busca ou de uma grata surpresa do caminho. Enquanto o Reino se nos apresenta como dom de Deus, por outro lado, para conquistá-lo, algum esforço se exige da nossa parte.

9. A última parábola retoma o tema do domingo anterior, onde o bem e mal se misturam e cuja separação nem sempre nos compete, pois em nós mesmos não percebemos as coisas tão bem definidas. Coisas novas e velhas se escondem no tesouro da palavra de Deus. Podemos sempre tê-la como um espelho, diz são Tiago, onde podemos contemplar o que vai bem e o que é preciso remediar em nós mesmos. 


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 29 de julho de 2017

(1Jo 4,7-16; Sl 33[34]; Jo 11,19-27) 
Santa Marta, discípula de Jesus. 

A recordação de Marta traz consigo a lembrança de Maria e Lázaro, seus irmãos, também discípulos de Jesus. A liturgia destaca o acolhimento e o bem praticado em favor do outro, mas não sem salientar a questão da fé que nos move em direção a Jesus, Palavra de vida, para superação dos momentos difíceis da caminhada, como a perda de alguém que se ama. “O relato de João não tem só por objetivo narrar a ressurreição de Lázaro, mas sobretudo despertar a fé, não para que creiamos na ressurreição como um fato longínquo que ocorrerá no fim do mundo, mas que ‘vejamos’ desde agora que Deus está infundindo vida nos que nós enterramos” (José Antônio Pagola - O Caminho Aberto por Jesus – Vozes). Para outros aspectos sobre Marta ver o ano anterior (clique aqui).
                                                    


Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 28 de julho de 2017

(Ex 20,1-17; Sl 18[19B]; Mt 13,18-23) 
16ª Semana do Tempo Comum.

Por fim temos o Decálogo (Os dez mandamentos) que notoriamente destaca mais a relação com Deus do que a relação com o próximo. “A Lei que se segue é o instrumento que nos permite permanecer na liberdade e na verdade, reconhecendo a alteridade de Deus, e a presença do irmão, referência essencial do nosso agir e do nosso desejo. Esta Lei não é, pois, uma imposição, mas trata-se de Dez Palavras de vida. É um caminho traçado, diante de nós e dentro de nós, para guardarmos e saborearmos as belezas da vida” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). O evangelho de hoje sugere que Jesus tenha dado uma explicação da parábola do semeador aos seus discípulos, algo pouco provável. Na explicação se salienta o aspecto da escuta a partir dos quatro tipos de terrenos, frequentemente presentes e misturados em nós, que exige uma contínua ação de limpeza e preparação do terreno para acolher a semente da Palavra.


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 27 de julho de 2017

(Ex 19,1-2.9-11.16-20; Sl Dn 3; Mt 13,10-17) 
16ª Semana do Tempo Comum.

A chegada ao Sinai é um marco na caminhada de Israel. Depois de uma breve caminhada entre altos e baixos, é hora de estabelecer uma aliança entre Deus e o seu povo. O texto nos prepara para esse momento solene. “A vontade de Deus de comunhão com os homens vem desde o começo. A sua Palavra estabelece a relação de aliança com todos os que, libertos da escravidão, podem finalmente responder. É santa e precisa de quem, com coração puro e confiante, a escute e a transmita, para que todos possam entrar em relação com Deus”. (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). Jesus tenta responder a pergunta dos discípulos sobre o seu falar através de parábolas. Na sua resposta, Jesus cita o profeta Isaias (6,9-10) colocando a tônica sobre a qualidade da escuta. Reconhece também o privilégio que eles têm de poder escutar e vê o que Jesus tem para revelar.


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 26 de julho de 2017

(Ecle 44,1.10-15; 131[132]; Mt 13,16-17) 
São Joaquim e Santa Ana, avós de Jesus.

Ao celebrarmos o dia dos avós, a Igreja olha essa data a partir desse significado dos antepassados na vida das novas gerações e ao mesmo tempo reconhece a importância do momento presente, onde temos a possibilidade, com todo avanço da história, de experimentar também a graça de Deus manifestada ao longo dos séculos, que nunca é a mesma. Uma memória festiva baseada na Tradição, pois biblicamente desconhecemos os nomes e a história dos pais de Maria, mãe de Jesus. “Embora saibamos pouco sobre Ana, ela é muito amada pelo povo. Sua festa é celebrada em 26 de julho. Ana é o protótipo do maternal. Seu nome hebraico significa ‘Javé teve misericórdia’. E significa: graça, encanto, amor. Na arte, Ana é representada como ‘Ana a três’, juntamente com sua filha Maria e o seu neto, o pequeno menino Jesus. Segundo entende a tradição, Ana é a mulher sábia. Ela dá apoio à filha, para que possa fazer justiça ao filho, que trilha um caminho bem diferente do que Maria havia imaginado. Ela é a avó que fornece tanto para a própria filha como para o neto um espaço seguro, no qual podem desenvolver as possibilidades de sua vida”. (Anselm Grun – 50 Santos – Loyola).


Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 25 de julho de 2017

(2Cor 4,7-15; Sl 125[126]; Mt 20,20-28) 
São Tiago Maior, apóstolo.

Para falar da missão do apóstolo, a liturgia nos traz a palavra de Paulo carregada de significado da própria fragilidade que experimenta diante da missão confiada, para isso dá seu testemunho que não se afasta de todo das lutas enfrentadas pelo Apóstolo Tiago. Consequência, diz o evangelho, de ter aceito beber do cálice de sofrimento que o próprio Jesus bebeu. Tiago foi o primeiro mártir da Igreja. Não sabemos muito de sua vida. Sua pessoa, e suas lendas, estão também associadas ao famoso caminho de peregrinação a Santiago de Compostela, onde no século VII, sua ossada foi levada depois da conquista de Jerusalém pelos árabes. Sobre o sentido do peregrinar, escreve Anselm Grun: “Nossa vida é estra a caminho. Preste atenção no caminho de sua vida. Quando fizer uma peregrinação ou um passeio, dê atenção a cada um de seus passos. Então você sentirá que a peregrinação é uma imagem essencial da vida. Nós nos libertamos de tudo o que nos prende e amarra. Não ficamos parados. Estamos prontos para nos transformar com cada passo. A peregrinação pode transformar quando conscientizamos de que estamos nos dirigindo a um objetivo. “Para onde estamos indo? – Sempre para casa!’, diz Novalis. Ao andar, perceba se você permanece interiormente em movimento e se trilha um caminho interno que realmente é um caminho até Deus” (Anselm Grun – 50 Santos – Loyola).  

  

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 24 de julho de 2017

(Ex 14,5-18; Sl Ex 15; Mt 12,38-42) 
16ª Semana do Tempo Comum.

Chegamos ao ápice da saída do Egito com o momento da travessia. Moisés, ainda paciente, experimenta já os primeiros lamentos de quem não entendeu a proposta de libertação. O canto que segue, como na noite da Vigília Pascal, complementa a narrativa. “É possível fazer esta passagem apenas pela fé, a de Moisés, que procura dar um sentido a uma evidência que parece absurda, e que sobretudo procura que o povo se dirija para o Senhor. No seu medo Israel jamais nomeia a Deus; Moisés, pelo contrário, fala somente n’Ele: o Senhor é que combaterá, é isso que lhe permitirá serem fortes. Moisés chama o povo a uma fortaleza fundada não nas sua próprias forças, mas no Senhor. O povo, saído orgulhosamente de mão erguida, deve agora colher-se na mão de Deus. A saída do Egito, o abandono de um lugar de escravidão, mas também de segurança material, começa a tornar-se sinal de um outro êxodo que o povo deverá realizar. Os acontecimentos obrigam os israelitas a mudar a fonte de suas seguranças” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).  Ao pedirem um sinal, os escribas confirmam não crerem em Jesus. Se não creem, só lhes resta voltar-se sobre os textos sagrados para compreenderem o sinal em Jesus que Deus lhes oferece. A resposta de Jesus vai em dois tempos: a sua ressurreição e a conversão dos pagãos que vão acolher a Palavra de Salvação.


 Pe. João Bosco Vieira Leite

16º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(Sb 12,13.16-19; Sl 85[86]; Rm 8,26-27; Mt 13,24-43)

1. Se no domingo anterior, por detrás do texto da 1ª leitura estava a dúvida se a Palavra de Deus se realizaria ou não; no texto de hoje se esconde o sentido de sua justiça e seu poder. Os que se perguntam sobre isso são uma parcela de sofredores que veem alguns ímpios prosperarem, e eles, que são fiéis, permanecerem na indigência. Por que Deus não intervém e mostra seu poder?

2. O texto é uma resposta a essa e outras indagações. Sim, Deus é grande, mas não usa sua força para castigar ou causar mal ao ser humano. Deus é bom para com todos. Não busca a conversão a ‘ferro e a fogo’. Quem é fiel a Deus deve aprender dele a conviver com os que não são assim tão justos e ao mesmo tempo permanecer justo para propor pelo testemunho um outro caminho.

3. Experimentamos também essa sensação de que Deus poderia exterminar os maus desse mundo, particularmente quando a violência se acentua. Às vezes até julgamos certos incidentes como ‘castigos de Deus’. O nosso autor nos lembra que Deus não age assim e prepara terreno para a parábola do joio e do trigo.

4. Neste breve trecho da 2ª leitura, Paulo nos fala da oração, afirmando que não sabemos como rezar, por isso é necessário que o Espírito de Deus venha em nosso auxílio. Ele que vive a comunhão divina, sabe a vontade de Deus para nós. Assim devemos nos deixar guiar por Ele na oração para rezar o que convém.

5. Continuando o discurso de Jesus sobre o mistério do Reino de Deus, ele nos conta três parábolas. Aqui também vem acrescentada uma explicação da comunidade ou de Mateus para sua comunidade.

6. A expectativa do Messias era aguardada como uma espécie de juízo final, onde o mal seria eliminado. João Batista o havia anunciado assim. Os que seguem Jesus ouviram a pregação do Batista. A parábola de Jesus do joio e do trigo vai nessa direção de uma nova compreensão. Afinal, a ação de Jesus vinha mais na direção de resgate do que da condenação.

7. Os cristãos olham ao seu redor e constatam o mal reinante e se perguntam: afinal, o Reino de Deus não deveria ter mudado essa situação? Tudo parece se tornar claro no diálogo travado na narrativa. A ansiedade de ver as coisas resolvidas pode fazer perder também o bem. Deus sabe o que se passa em nossa realidade, em nós, na Igreja.

8. O bem e o mal crescerão juntos até o momento final. É tênue a linha que divide o bem do mal. Não está tanto nos elementos externos que identificamos, mas no coração humano. Gostaríamos de eliminar o mal a partir de nós mesmos, mas temos que saber contar com a paciente misericórdia de Deus que não dispensa o nosso esforço, com serenidade.

9. As duas parábolas que se seguem estão carregadas de otimismo pelos resultados que virão, mesmo parecendo tão pouco o que se semeia ou o bem presente entre nós. Novamente Jesus se justifica, com as palavras do profeta, por falar em parábolas.

10. Se a proposta de Jesus parecia algo sereno e paciente na parábola do joio e do trigo, sua explicação não é tão serena assim. Pode ser que Mateus quisesse acordar alguns cristãos despreocupados de fazer o bem. As conclusões aqui sobre o fim do mundo parecem não casar com o pensamento de Jesus e certamente não constituem uma revelação do fim.

11. O uso de tais imagens tem mais a ver com seus ouvintes, judeus convertidos, que cresceram ouvindo essas narrativas do Antigo Testamento carregadas de ações divinas estrondosas. É certo que quem pratica o mal não herdará a vida eterna, se não mudar a rota. Mas o cristão também deve estar atento aos seus compromissos batismais, antes de ‘queimar’ o outro em seus julgamentos.

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 22 de julho de 2017

(Ct 3,1-4; Sl 62[63]; Jo 20,1-2.11-18) 
Santa Maria Madalena, discípula de Jesus.

Fazemos uma pausa nesse dia para contemplar o amor de Maria Madalena por Jesus servindo-se de certo tom erótico/afetivo com que se traduz o livro dos Cânticos; talvez essa brecha tenha permitido tantos pensamentos estranhos sobre a relação entre Madalena e Jesus. Mas o evangelho de João lança uma luz mais clara da missão a esta reservada de ser a primeira a anunciar a Sua ressurreição. “Maria Madalena é padroeira das mulheres. Ela é o sinal de esperança para as mulheres que tantas vezes se sentem dilaceradas, arrastadas de um lado para o outro pelas exigências da criação dos filhos, do cuidado da casa, da profissão, em seu próprio caminho espiritual. Em Maria Madalena, elas reencontram sua própria identidade. É a identidade da mulher amada por Cristo e incondicionalmente aceita por Ele. É a identidade da mulher espiritual, que entende mais o mistério da morte e ressurreição que os homens. As mulheres encontram em Maria Madalena a coragem de confiar em seu próprio anseio de amor. Não são primordialmente quaisquer métodos que levam a Deus, mas o amor, que está disposto a atravessar a dor e a decepção para procurar aquele que sua alma ama” (Anselm Grun – 50 Santos – Loyola).   




Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 21 de julho de 2017

(Ex 11,10—12,14; Sl 115[116B]; Mt 12,1-8) 
15ª Semana do Tempo Comum.

No grande salto da narrativa, encontramos Moisés e Aarão que depois de muitas tentativas de convencimento do Faraó, são instruídos sobre o ato final que culminará na saída do povo do Egito. Aqui se introduz o rito da Páscoa dos hebreus em sua precisão histórica e ritual. “A tradição interpretou o termo ‘páscoa’ (pesah) vendo nele a ação de ‘passar, passar além’, de onde a originou ‘passagem’. Quem ‘passa’ é antes de mais o Senhor, e é este acontecimento o motivo da festa e de um rito que tem o caráter de perenidade” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). Jesus passa com seus discípulos em meio a uma plantação. Estes têm fome e arrancam algumas espigas. Mas é sábado. Não era permitido tal esforço. Jesus questiona toda forma de preceito que não leve em conta a dignidade e o valor do ser humano a partir de suas necessidades reais.


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 20 de julho de 2017

(Ex 3,13-20; Sl 104[105]; Mt 11,28-30) 
15ª Semana do Tempo Comum.

O “Eu sou Aquele que Sou” do nome de Deus revelado a Moisés situa-se no campo de uma revelação que ao mesmo tempo não diz tudo, continua um Ser a ser descoberto: “Deus é Aquele que é verdadeiramente livre de ser aquele que quer ser”. É com esta liberdade que Moisés deverá enfrentar o Faraó. Jesus dirige uma palavra para todos os que nele buscam força e consolo para seguir na vida em meio a todo cansaço e formas de opressão: imitá-lo. “Somente na Sua sequela podemos esperar que o nosso coração se torne humilde e manso, fonte de paz e de descanso para aqueles que encontramos, e construtores de relações entretecidas de compaixão e acolhimento” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).


Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 19 de julho de 2017

(Ex 3,1-6.9-12; Sl 102[103]; Mt 11,25-27) 
15ª Semana do Tempo Comum.

Por fim, vencida certa ‘resistência’ de Moisés ao chamado divino e sentindo na pele a condição de viver em terra estranha, trava um diálogo com Deus que lhe abre a mente e o coração para a ação em favor do seu povo: “Moisés é a resposta do Senhor aos gritos e aos sofrimentos dos israelitas e a ele, como a qualquer profeta, é revelado o plano divino e assegurada a assistência” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). O Deus de Moisés é o mesmo que Jesus reconhece na sua ação para com os pequeninos do evangelho. A estes Ele revela Sua presença no Filho, que também se fez pobre e pequeno, mesmo comungando dessa profunda relação com o Pai. O Deus conosco apresentado por Mateus comunga de nossa pobreza para nos dar uma riqueza maior: participar dessa comunhão que o Ele mesmo tem com o Pai que nos é revelada em suas palavras e ação.


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 18 de julho de 2017

(Ex 2,1-15; Sl 68[69]; Mt 11,20-24) 
15ª Semana do Tempo Comum.

Introduzidos na narrativa do Êxodo, temos a apresentação de Moisés, salvo das águas e que também salvará o seu povo através das águas do Mar Vermelho: “Aparece, portanto, como o homem da justiça, que defende o inocente dos violentos, escolhendo, ao início, instrumentos ineficazes: a violência que exerce volta-se contra ele e o seu desejo de justiça a este ponto da história desaparece. Moisés, salvo das águas, antes de salvar através das águasprecisa encontrar o Senhor e de receber d’Ele a missão e a revelação definitiva da sua identidade” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). Terminado o discurso missionário e antes das parábolas que já introduzimos em nossa liturgia dominical, os relatos que se seguem são colocados numa linha de posicionamento a favor ou contra Jesus conforme a adesão dos ouvintes. Por isso Jesus censura essas cidades que não souberam acolhe-lo. O que não deixa de ser uma censura também a nós que escutamos a Sua palavra, mas não nos deixamos moldar por ela.


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 17 de julho de 2017

(Ex 1,8-14.22; Sl 123[124]; Mt 10,34—11,1) 
15ª Semana do Tempo Comum.

Toda a narrativa que acompanhamos da aventura de José e sua chegada no Egito e depois de toda a sua família, deu origem ao que narra o Livro do Êxodo cuja leitura iniciamos. Serão quase três semanas de trechos desse livro concentrados no tema da libertação de Israel do Egito. Encerrado o tempo dos patriarcas, é hora de compreendermos como os filhos de Israel tornaram-se o povo de Deus. “A obra de Deus e a ação de Moisés manifestam ao longo de toda a história, que é somente a misericórdia de Deus, que é possível a libertação de todas as formas de escravidão”. Hoje vemos as condições de Israel no Egito marcada pela dor e violência, em resposta, Deus multiplica o seu povo sem medida, tornando inúteis as providências tomadas pelo Faraó. Jesus encerra seu discurso missionário de um modo um tanto ácido para provocar nos ouvintes uma tomada de consciência sobre a fé abraçada e o testemunho necessário. De certo modo ele prepara os corações para o que virá. 


Pe. João Bosco Vieira Leite

15º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(Is 55,10-11; Sl 64[65]; Rm 8,18-23; Mt 13,1-23)

1. Entramos no terceiro grande discurso de Jesus, segundo Mateus, que nos apresenta uma série de parábolas, centradas principalmente na compreensão do Reino de Deus pregado por Jesus. Mas a primeira delas está voltada para a realidade da Palavra de Deus, por isso esse texto de Isaias abre a nossa liturgia.

2. Por trás do mesmo está a desconfiança dos que se encontram exilados, se a palavra de Deus vai mesmo se realizar. A isso responde o profeta, fazendo uma analogia. Também nós sofremos dessa desconfiança, particularmente quando buscamos viver de maneira correta e vemos pessoas desleais se darem bem, aparentemente. O profeta quer reacender a esperança.

3. Esse belo trecho da carta de Paulo também fala de esperança em meio a tanto sofrimento, ódio e violência ao nosso redor. Também se serve de uma analogia. Os gritos da mulher que está para dar à luz parecem o de alguém que está morrendo, mas não. Logo virá o filho e a dor será esquecida.

4. O apóstolo sonha com uma nova sociedade nascida do nosso compromisso com o projeto divino. Oxalá, essas dores de parto que se vivem em nossa pátria nos traga algo novo.

5. Por fim, chegamos a última analogia desse domingo: a parábola do semeador. Podemos dividir a narrativa em três momentos. São muitas as explicações para o método utilizado pelo semeador que pode nos parecer um desperdício de sementes, de energia e de tempo.

6. Mas tendo presente o texto da 1ª leitura, aqui se reflete o desânimo dos discípulos diante das respostas a todo trabalho evangelizador de Jesus, que parece vão. Ele lhes pede paciência. Em meio a todas as contradições e obstáculos, os frutos virão. Para a comunidade de Mateus e para as comunidades de todos os tempos se dirige um apelo a continuar semeando.

7. A Palavra traz em si a força da semente, ainda que pareça inútil lança-la em determinados terrenos. Numa linguagem simples e direta, ele faz entender.

8. Num segundo momento temos um texto complexo sobre o porquê de Jesus falar em parábolas. Trata-se de uma maneira nova de anunciar a Palavra, que desde sempre foi rejeitada, apesar de tudo. A Parábola vem como uma provocação na busca de significado e da conversão do ouvinte. Diz um filósofo inglês que a humanidade não nasceu para isso que tanto busca: conquistar e possuir... mas para aprender a enxergar.

9. Por fim vem uma explicação da parábola que os estudiosos dizem não ser de Jesus, mas da comunidade; nela se constata, como em nosso tempo, a dificuldade da Palavra chegar ao nosso coração. E se chega, são muitas as dificuldades encontradas por ela.

10. Talvez queiramos descobrir que tipo de terreno é o nosso coração, e espero que não estejamos pensando nos outros. Na realidade somos um pouco de todos eles e grande deve ser o nosso esforço em torna-lo receptivo. No dizer de Agostinho: “tenho medo de estar distraído, magoado, ferido e não te escutar”...


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 15 de julho de 2017

(Gn 49,29-32; 50,15-26; Sl 104[105]; Mt 10,24-33) 
14ª Semana do Tempo Comum.

A morte de Jacó e de José inaugura um novo tempo, os filhos de Israel, já no Egito se multiplicarão até o dia em que Deus agirá novamente para libertá-los e chama-los à terra prometida a Abraão e a sua descendência. Vemos que ainda pesa na consciência dos filhos de Jacó o que fizeram a José, mas José os faz perceber que Deus conduziu todo o mal praticado para um bem maior. “As demoras, os pesos e as maldades da nossa existência não impedem que Deus venha ter conosco na banalidade das ações comuns da vida, tal como nos casos extraordinários dos momentos excepcionais. A esperança, di-lo toda a história de Israel, deve continuamente amparar a nossa caminhada” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).  Jesus pede que os discípulos não tenham medo diante do que virá, o importante é que se mantenham fiéis ao evangelho e tenha a coragem de testemunhar a pessoa de Jesus, pois quem tiver reconhecido Jesus diante dos homens será reconhecido por Ele diante do Pai.   


Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 14 de julho de 2017

(Gn 46,1-7.28-30; Sl 36[37]; Mt 10,16-23) 
14ª Semana do Tempo Comum.

Por fim chega o momento de reencontro de entre José e seu pai, Jacó, nesse deslocamento da família para o Egito. Deus se manifesta a Jacó lhe confirmando o passo a ser dado e lhe prometendo que será uma grande nação, mesmo que a promessa da terra aqui não apareça: “No final da sua vida, o patriarca é chamado pelas circunstâncias e, através delas, por Deus, arrenegar aos seus velhos esquemas e assumir outras formas de agir. Um mundo velho está para desaparecer perante uma nova viragem da existência; mas o Senhor estará sempre com Jacó, onde quer que ele se encontre” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). Nesse discurso de Jesus podemos perceber a situação sofrida com toda ordem de perseguição pelos cristãos nos primórdios do cristianismo que aqui ganha um retrato mais amplo da missão da Igreja em todos os tempos.


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 13 de julho de 2017

(Gn 44,18-21.23-29; 45,1-4; Sl 104[105]; Mt 10,7-15) 
14ª Semana do Tempo Comum.

A revelação de José aos irmãos dá num contexto de reconhecimento dos caminhos estranhos, ao nosso, pelos quais Deus realiza a sua Salvação. “Não há ressentimento nem rancor em José, nem autocompaixão pelo seu sofrimento: ele sabe ler, na sua vida tecida de tanta dor, um desígnio divino que ultrapassa a visão humana e que do sofrimento de um sabe extrair, com infinita misericórdia, por caminhos misteriosos, o bem de muitos” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). Depois do chamado ou escolha dos doze, segue–se uma série de instruções sobre o que levar e como se comportar. Basicamente eles devem seguir o próprio modo como Jesus exerceu seu ministério, na gratuidade e na pobreza, tendo presente o anúncio do Reino.
  

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 12 de julho de 2017

(Gn 41,55-57; 42,5-7.17-24; Sl 32[33]; Mt 10,1-7) 
14ª Semana do Tempo Comum.

Num salto de quase dez capítulos, nos encontramos com José, filho de Jacó, já no Egito, administrando e colocando em prática seu plano preventivo. Já temos um conhecimento dos fatos que o levaram a essa posição. A fome leva os irmãos de José ao Egito e este estrategicamente tenta aproximar-se deles sem que saibam com quem estão tratando.  “Ninguém deve sentir-se abandonado pelo Senhor, nem o inocente que padece injustamente, nem os que praticam a injustiça. Para estes chegará o tempo da salvação, como chegou tanto para José como para seus irmãos” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).  Mateus inicia o discurso da missão. Alguns trechos já acompanhamos nesses domingos do tempo comum do ano A. Tudo inicia com a escolha e o envio dos doze (‘Apóstolos’, do grego, ‘enviados’), esse núcleo de uma comunidade que reconhece e acolhe o Messias. Esse número que simboliza a universalidade do envio de Jesus, traz as pequenas histórias pessoais que acompanharemos no evangelho. Todos com suas limitações, mas dispostos a darem suas vidas pela causa do reino.


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 11 de julho de 2017

(Gn 32,23-33; Sl 16[17]; Mt 9,32-38) 
14ª Semana do Tempo Comum.

Jacó, já casado, retorna à sua terra e deverá enfrentar ao irmão Esaú. Numa dessas noites ao longo do caminho Jacó tem uma espécie de enfrentamento com um personagem difícil de ser identificado, mas que representa a presença divina em sua vida, já que a mudança de nome sinaliza uma outra etapa em seu caminho. Jacó é um homem novo, marcado por um sinal externo de sua luta e da bênção recebida. “Através de uma noite escura, na qual uma luta com Deus o marca fisicamente, Jacó torna-se um homem novo e abandona o seu velho nome de ‘Suplantador’, para assumir um nome de vitória: ‘Israel – Forte com Deus’. A luta noturna abre-o a Deus permitindo-lhe tocá-lo e induzindo-o a abandonar todas as formas de apoio e segurança humanas, como são os ídolos que também trazemos dentro de nós, miragens de arrivismo, soluções de conforto, oportunismos...” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). Aqui em Mateus, Jesus não retruca as autoridades que o acusam de agir em nome do demônio. Ele simplesmente segue fazendo o bem, pois contempla uma multidão dispersa, como ovelhas sem pastor. Prepara-se o terreno para o discurso seguinte, sobre a missão. Ele pede que rezemos para que homens e mulheres se disponham a estender sua ação ao mundo.  


Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 10 de julho de 2017

(Gn 28,10-22; Sl 90[91]; Mt 9,18-26) 
14ª Semana do Tempo Comum.

Em fuga, Jacó tem o seu primeiro encontro com Deus, confirmando que estará com ele, mantendo a sua promessa da terra a ser conquistada e da descendência. Um caminho de fé, carregado de incertezas. O salmo reforça que a sua única garantia na vida é Deus, refúgio e força. Com Ele é necessário estabelecer uma relação exclusiva. “A fé de Jacó: é uma fé ainda imatura, que se abre, é verdade, à entrada de Deus na sua vida, mas por detrás de muitas promessas e expectativas. É uma fé condicionada, necessitada de purificação e crescimento” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). Na série de milagres que estamos acompanhando nessa pausa dos discursos de Jesus, duas figuras femininas são contempladas, a filha de um chefe do judaísmo local e uma anônima que o toca de passagem. É a fé que sobressai como ato na força restauradora e vivificadora de Jesus. Como Jacó também estamos fazendo o caminho que nos leva a reconhecer em Jesus o Senhor da vida, em todos os sentidos. 


 Pe. João Bosco Vieira Leite

14º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(Zc 9,9-10; Sl 144[145]; Rm 8,9.11-13; Mt 11,25-30)

1. Lendo esse pequeno trecho do profeta Zacarias, talvez nos venha à memória a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Essa era uma profecia do Messias, proclamada antes da vinda de Jesus, que desconstruía as profecias anteriores, pois nada há de poder bélico e mesmo assim ele será vencedor, afirma o profeta.

2. O texto nos prepara ao evangelho, onde Jesus revela a si mesmo e propõe um outro modo de vencer os pesados fardos que a vida nos impõe, particularmente da Lei, para os seus ouvintes.

3. Essa vida segundo o Espírito proclamada por Paulo na 2ª leitura tem a ver com a vida nova herdada com o batismo. Em cada cristão habita o Espírito de Deus. Esse mesmo Espírito, que ressuscitou Jesus, ressuscitará também a nós. Pelo batismo já vivemos essa dimensão nova, que exige de cada batizado a vivência segundo o Espírito.

4. O evangelho nos oferece um raro momento público em que se vê e se ouve Jesus rezando ao Pai. E mais admirável ainda é o motivo de sua oração. Observando os poucos discípulos que lhe seguem, pobres, humildes, marginalizados, se alegra porque estes sentem a necessidade de salvação, acompanhada de uma fome e sede de justiça que só Deus pode saciar.

5. Eles reconhecem em Jesus um sinal de esperança, diferentemente de tantos outros que cruzaram Seu caminho: sábios, ricos e felizes, que já nem precisam de Deus.

6. Num segundo momento o autor usa um verbo muito caro ao Evangelista João: conhecer. Que aqui significa uma experiência profunda, de intimidade. É essa experiência que ele quer transmitir aos que d’Ele se aproximam. O Deus que Jesus conhece não é um legislador ou juiz. Ele é um Pai que ama sem restrições e que tem preferência pelos últimos.

7. Por fim, diante do peso que carregam estes que O buscam, cuja religião se tornou o fardo difícil de se levar, gerando até um certo medo de Deus, um convite a libertação. Jesus aponta um caminho do mandamento único: o amor a Deus e ao próximo, na alegria de saber-se amado e cuidado pelo Pai.

8. Aprender de Jesus requer uma atenção contínua a sua Palavra e aos seus gestos. Ele rejeita toda forma de violência e se coloca ao lado de todo aquele que sofre pobreza e rejeição. Não só nos convida a confiarmos n’Ele, mas como Ele estar do lado, colocar-se a serviço dos que precisam, pois seu reinado entre nós foi também um serviço ao outro, fonte de alegria que dá sentido à nossa vida.


Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 08 de julho de 2017

(Gn 27,1-5.15-29; Sl 134[135]; Mt 9,14-17) 
13ª Semana do Tempo Comum.

A narrativa dá um salto e já nos encontramos com Isaac velho e cansado. É difícil compreender a escolha que Deus faz de Jacó, metido em ações fraudulentas. “O plano bem pensado por Rebeca e Jacó em prejuízo de Esaú, e do próprio Isaac, traduz em termos humanos a opção feita por Deus, por um homem que não é maior, nem o mais forte, e nem sequer o melhor (em que Jacó seria melhor que Esaú?), mas se torna, com os seus pecados e fraquezas, aquele que consentirá à Salvação prosseguir o seu itinerário ao longo dos caminhos da História. Jacó será o senhor dos seus irmãos, o pai do seu povo ao qual dará o seu próprio nome, Israel, o nome novo que receberá de Deus depois da luta no vau do Jacó” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). É provável que o texto de Mateus que nos é oferecido hoje traduza uma certa tensão ainda existente nos anos 80 d.C. entre os cristãos e os discípulos de João Batista com relação a prática do jejum. O cristianismo obriga a uma nova mentalidade ou adaptações necessárias para acolher o novo. 

Pe. João Bosco Vieira Leite


Sexta, 07 de julho de 2017

(Gn 23,1-4.19; 24,1-8.62-67; Sl 105[106]; Mt 9,9-13) 
13ª Semana do Tempo Comum.

Com a morte de Sara e chegada de Rebeca, a história salvífica vai tomando outra direção ou seria melhor dimensão? “Velhice, morte, sepultura, negócios: as histórias de uma vida ordinária tornam-se, na Sagrada Escritura, as linhas do caminho da Salvação. A graça de Deus entra nos acontecimentos humanos, muitas vezes sem alarido, mas pedindo fidelidade” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).  No chamado de Mateus aparece a soberana liberdade e surpreendente maneira com que Jesus vai escolhendo os seus discípulos mais próximos deixando ‘por terra’ critérios de presumíveis escolhas adequadas. A misericórdia divina é capaz de restaurar, por isso senta-se à mesa para partilhar de Sua vida com quem mais precisa e está aberto a acolher.


Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 06 de julho de 2017

(Gn 22,1-19; Sl 114[115]; Mt 9,1-8) 
13ª Semana do Tempo Comum.

Certamente esse é um dos episódios mais comoventes e desafiadores à nossa compreensão no panorama da fé de Abraão, desafiando qualquer lógica comum. Tão absurdo quanto a entrega de Jesus por nós, que não foi interrompida na última hora. “Abraão, que no início da sua caminhada tinha respondido a Deus renunciando às suas raízes, agora renuncia ainda mais radicalmente ao futuro recebido como fruto da promessa do próprio Deus, com um gesto antitético ao do antigo Adão, que tinha lançado mão daquilo que não lhe pertencia. Abraão estende a mão para restituir a Deus aquilo Ele lhe tinha dado, e que neste ato de abnegação total se torna verdadeiramente seu, e seu para sempre” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). É bom recordar que em meio a culturas que sacrificavam seus filhos, este fato irá figurar para Israel como uma proibição de tal ato. Este mesmo fato do evangelho que é narrado por Marcos e Lucas, possui nestes uma certa dramaticidade; mesmo sendo sóbrio em sua narrativa, fica para nós a situação de prostração gerada pelo pecado. Há uma palavra libertadora que nos dá a certeza do perdão divino e nos convida a levantar e seguir adiante. A vida não pode ficar bloqueada.


Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 05 de julho de 2017

(Gn 21,5.8-20; Sl 33[34]; Mt 8,28-34) 
13ª Semana do Tempo Comum.

A partir de um fato humanamente banal, Deus orienta a história salvífica afastando Ismael de cena para destacar a figura de Isaac, mas dando-lhe a devida assistência: “O autor sagrado, enquanto narra a expulsão da escrava Agar em benefício do filho de Sara (Isaac), preocupa-se em sublinhar que Abraão, perturbado com o repúdio do filho Ismael que Sara lhe pediu, se decidiu a efetuar esse gesto só depois de ter compreendido que a vontade de Deus passava através dessa dolorosa circunstância. Dos dois filhos, de fato, nascerão dois povos distintos, e só Isaac passará a linha da História da salvação” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). 

Mateus no narra o contraditório fato de os demônios reconhecerem Jesus e de os seres humanos o rejeitá-lo. É perceptível que o não reconhecimento vem dos interesses comprometidos com tal reconhecimento. De qualquer forma, para os que creem fica patente a soberania de Jesus sobre essas forças negativas que transitam entre nós. A melhor defesa é trazê-lo sempre mais para dentro de nossa vida, na certeza que Ele tem a última Palavra, e essa é sempre libertadora.


Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 04 de julho de 2017

(Gn 19,15-29; Sl 25[26]; Mt 8,23-27) 
13ª Semana do Tempo Comum.

Retomamos a nossa leitura junto a Abraão. Logo depois de se despedirem de Abraão, os três visitantes lhe anunciam o fim de Sodoma e Gomorra, onde está Ló. Temendo por seu sobrinho, Abraão, num papo bastante amigável com Deus negocia a possibilidade de alguns justos salvarem a cidade da destruição. Nem dez justos havia por lá, mas Deus, por causa de Abraão resolve salvar Ló e sua família (com exceção da esposa): “A narração bíblica, enquanto atribui à direta causalidade divina o mistério da força destruidora da Natureza, pretende salvaguardar a equidade do Senhor: se a Natureza, assolada pelo pecado do homem, é cega, não o é a vontade divina, que poupa os justos à morte. Voltar-se para trás por parte da mulher indica, mais que curiosidade, a necessidade de certezas, incapacidade de seguir em frente confiando totalmente no Senhor. O fato de se tornar estátua de sal, sugerido pelas fantasiosas concreções que se formam nas margens do mar Morto, exprime muito eficazmente a imobilidade e a esterilidade de quem acolhe só com reservas o apelo de Deus” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).  O evangelho da tempestade acalmada, recorda aos discípulos e a nós, que apesar das dificuldades que atravessamos, nada de mal verdadeiramente acontece a quem confia no Senhor.



Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 03 de julho de 2017

(Ef 2,19-22; Sl 116[117]; Jo 20,24-29) 
São Tomé, Apóstolo.

Para essa festa de São Tomé a liturgia nos oferece esse texto de Paulo que nos insere na consciência de que pelo batismo nos tornamos parte dessa morada de Deus que é a Igreja, que tem nos seus fundamentos os apóstolos e o profetas, sendo Cristo a pedra fundamental. Já o evangelho nos recorda o texto pelo qual Tomé se tornou tão popular justificando a atitude de quem precisa ‘ver para crer’. “O caso do apóstolo Tomé é importante para nós ao menos por três motivos: primeiro, porque nos consola de nossa insegurança; segundo, porque nos demonstra que toda a dúvida pode desembocar numa saída luminosa livre de qualquer incerteza; e, por último, porque as palavras que lhe dirige Jesus nos lembram o verdadeiro sentido da fé madura e nos anima a continuar, apesar das dificuldades, em nosso caminho de adesão a Ele” (Bento XVI – “Os Apóstolos e os primeiros discípulos de Cristo” – Planeta).


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Missa São Pedro e São Paulo – Missa do dia

(At 12,1-11; Sl 33[34]; 2Tm 4,6-8.17-18; Mt 16,13-19).

1. A solenidade de Pedro e Paulo é uma oportunidade de refletirmos sobre dois aspectos da nossa Igreja. O primeiro é de caráter estrutural, hierárquico, administrativo e sacramental. O segundo aspecto está na sua dimensão missionária, que Cristo imprimiu na sua Igreja e confiou aos apóstolos e a nós de levar adiante a Palavra, onde formos.

2. Contemplando a ação de Pedro e de Paulo, não nos perdemos tanto nas coisas grandiosas que puderam realizar, mas em Cristo, que os chamou, capacitou e sustentou na missão. Por isso que no centro da nossa liturgia da Palavra está o questionamento fundamental: quem é Jesus? O que eles fizeram e o que nós fazemos dependem de nosso compromisso com Ele.

3. A pergunta de Jesus se dá num local distante de Jerusalém, centro efervescente da vida religiosa e política de Israel. Tomar distância nos permite avaliar melhor a situação. A primeira pergunta se volta sobre a sua influência sobre as massas. Embora fosse confundido com personagens importantes, ninguém reconhecia sua divindade.

4. E os discípulos, tão próximos, como o veem? Pedro prontamente reconhece a sua filiação divina, sob a moção a do Espírito e do seu próprio compromisso com Jesus. Jesus aproveita para lançar as bases do que futuramente viria a ser a Igreja. Ela nasce, assim, apostólica e missionária. Sempre se exigiu, para sua unidade, uma fidelidade à sua origem.

5. Veja que tudo está sob a iniciativa do próprio Jesus, sua é a escolha, a edificação e a proteção. A igreja nasce com essa vocação de fazer a ligação entre o céu e a terra. A vida de Deus na vida dos homens e vice versa, num contínuo compromisso com a vida. Tal missão comporta um grande desafio, pois experimentará o que o próprio Jesus experimentou por causa do Reino.

6. Os dois textos que antecedem o evangelho querem ilustrar essa consequência do compromisso abraçado. A prisão de Pedro e o auxílio de Deus. A missão de Paulo, em seus vários aspectos, mas consciente de que nunca esteve sozinho, mesmo percebendo que se aproxima o fim de sua vida. Ele sabe que Deus tem muito mais a oferecer.

7. Assim, um pouco fora das nossas realidades diárias, contemplamos e rezamos por essa Igreja que vem atravessando séculos e se perpetuando na história. Para fazer continuar essa travessia ela terá que continuamente responder corretamente quem é Jesus. Mais do que palavras estão seus gestos e capacidade de traduzir sua compreensão de quem é Jesus.

8. Não é difícil perceber que muitos dão respostas equivocadas e insatisfatórias, seja no contato pessoal ou nesse mundo midiático em que vivemos. Mas nós que estamos mais próximos e que procuramos nos comprometer de alguma forma com a nossa Igreja não podemos dar uma resposta equivocada ou insatisfatória. Que o mesmo Espírito que moveu a Pedro e a Paulo numa resposta de vida, conduza-nos a um conhecimento sempre maior e melhor da pessoa de Jesus.


Pe. João Bosco Vieira Leite