Quinta, 15 de junho de 2017

Ano A
(Dt 8,2-3.14b-16a; Sl 147[147B]; 1Cor 10,16-17; Jo 6,51-58) 
Corpo e Sangue de Cristo.

1. A liturgia da Palavra para essa festa de hoje nos traz um texto do livro do Deuteronômio. Esse trecho nos recorda um momento crítico da história do povo. Seu autor tentava recordar que na travessia do deserto, também momentos assim se fizeram sentir. Que a palavra de Deus se fez sentir no maná e na água que saciou a sede.

2. “Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca do Senhor”, lembra ele. Para todos os tempos e situações é preciso recordar Sua palavra. Uma palavra que nos prepara ao acolhimento do Evangelho, da Palavra de Jesus, um novo alimento que supera o antigo, que foi sinal do verdadeiro alimento que Deus quer conceder.

3. “Igualdade, fraternidade, nessa mesa nos ensinais, as lições que melhor educam, na eucaristia é que nos dais”, lembra-nos o canto. Praticamente é a tradução do apelo que Paulo faz na 2ª leitura. A comunidade de Corinto vive as suas tensões na diversidade de seus componentes.

4. Paulo apela para o significado desta refeição que fazemos em torno da Palavra de Jesus, que quer nos unir não somente a Deus, mas também ao irmão. Para manter essa comunhão em torno do mistério de Cristo, é preciso que haja de nossa parte um esforço sempre maior de responder aos apelos que esse encontro no faz, particularmente pela palavra que escutamos.

5. Num dado momento da história da salvação, a Palavra se fez carne e habitou entre nós. Nesse trecho final do discurso de Cafarnaum ele se dá a conhecer como pão vivo, descido do céu. Foi difícil para ouvintes entender exatamente do que Ele falava, mas no desenlace da vida de Jesus fomos entendendo que o pão a ser dado e consumido era sua Palavra, primeiramente.

6. Uma palavra que gera vida, alimenta e sustenta. Assim compreendemos o que diz o autor da 1ª leitura sobre o significado da Palavra.

7. A estrutura de nossa celebração se divide nesses dois grandes momentos: a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia, com um rito introdutório e outro final. Elas estão colocadas sob o mesmo patamar para que nos recordemos sua mesma importância e ligação. Como me aproximar da Eucaristia sem antes avaliar minha caminhada sob a luz da Palavra?

8. Aquele que se encarnou em nossa história, deseja também ser carne em nós, como alimento absorvido e transformado em vida. Alguns cantos sustentam a piedosa ideia de que Jesus está sozinho no sacrário, por isso precisamos adorá-lo. Mas adorar não quer dizer fazer companhia.

9. Adorar é olhar, confrontar a nossa vida com o mistério que nosso olhar tenta alcançar. Comungar do pão é uma necessidade para quem caminha na fé. Mesmo não sendo dignos, aceitamos o desafio de caminhar entre os acertos e fracassos da vida, não sem deixar de se questionar pela Palavra, para que ela seja vida em nós.
  

Pe. João Bosco Vieira Leite