Pentecostes – Ano A

(At 2,1-11; 1Cor 12,3b-7.12-13; Jo 20,19-23)

1. O nosso ciclo trienal de leitura dos evangelhos deixa João de fora. Sua peculiar narrativa o traz presente em períodos especiais, como esse da Páscoa. Para ele, e é provável que assim tenha sucedido, a morte, ressurreição, ascensão e o dom do Espírito foram fatos que aconteceram de maneira sucessiva sem essa demanda de tempo das outras narrativas.

2. Na realidade, os outros autores tinham a intenção de dividi-los em vários momentos para salientar seus múltiplos aspectos. Lucas situa o dom do Espírito no dia de Pentecostes, a festa judaica em que os judeus recordavam o momento em que Moisés transmite ao povo as leis divinas recebidas no monte Sinai.

3. A intenção de Lucas é nos dizer que o dom do Espírito substitui a antiga lei judaica. Ele se serve dos vários elementos da narrativa do Êxodo para se fazer compreender. A lei proposta por Jesus só pode ganhar vida num coração novo, como havia prometido Ezequiel. Pois vinho novo deve ser colocado em odres novos.

4. Nossa lei está no evangelho, sob a luz do Espírito, a Palavra ganha vida e se traduz para nós no próprio agir de Jesus, sua linguagem se traduz no amor que pode ser compreendido por todos os seres humanos.

5. Paulo traduz a diversidade dos dons do Espírito na ajuda mutua que vivemos no mundo. Cada um contribui, no seu modo de ser para o bem do todo. Se conseguirmos compreender a riqueza de dons que se espalham na natureza humana, não permitiremos que o ciúme e a inveja gerem divisões entre nós. Essa diversidade enriquece uma comunidade e a humanidade.

6. Como havíamos dito ao começo, para João, o Espírito Santo foi comunicado aos Apóstolos no primeiro encontro deles com o Ressuscitado, soprando sobre eles. O vento faz com que se mova a poeira aí instalada, acreditamos e pedimos que o Espírito remova todo mal que nos impede de ser aquilo que Deus quer.

7. O vento, ao mesmo tempo, ajuda a natureza no processo de espalhar sementes. Ele mesmo age em nós como uma pequena semente, cresce em nós devagar, se lhe permitimos. Produzindo frutos em abundância.

8. A Igreja hoje recorda e celebra esse dom maior da parte do ressuscitado, que vem do Pai e d’Ele mesmo como consequência dessa comunhão profunda que refletiremos na próxima semana. Abramos espaço para que Ele continue agindo em nós e nos renove: “Vinde Espírito santo, enchei o coração dos vosso fieis...”


Pe. João Bosco Vieira Leite