12º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(Jr 20,10-13; Sl 68[69]; Rm 5,12-15; Mt 10,26-33)

1. Ainda na linha da resposta ao chamado que Deus nos faz a liturgia nos apresenta a situação de perseguição por causa da nossa fidelidade a Deus e o consequente medo que desta advém. É para ilustrar essa situação que nos encontramos com Jeremias na 1ª leitura. Deus o chama num momento particular da história do seu povo. Ele deve ser porta voz de Suas advertências.

2. A multidão resolve atacar Jeremias. É nesta situação de medo e solidão que ele desabafa com Deus. Em meio ao seu atordoamento é que lhe vem a lembrança e a certeza de que Deus está com ele. Falar a verdade tem seu preço, temos percebido nesses últimos tempos em nosso país. Mas o nosso futuro depende da coragem de alguns, mesmo nessa confusão de ‘verdades’. Se não temos tanta coragem assim, ao menos peçamos ao Senhor que sustente a vida e a fidelidade daqueles que se comprometem com a verdade.

3. Antes de chegarmos ao evangelho ouvimos esse pequeno trecho da carta aos Romanos em que Paulo faz uma comparação entre Cristo e Adão. Paulo faz um entrelaçamento entre os dois para falar da superioridade da graça de Deus que chegou a nós por Cristo, mesmo diante do pecado que sempre marcou a história humana.

4. O que Jeremias intuía de sua comunhão com Deus, Jesus torna explícito nas palavras do evangelho, encorajando os que buscam segui-lo. Mesmo com esse tom de ‘eternidade’, as palavras de Jesus correspondem também a um momento de perseguição vivido pela comunidade cristã.

5. O medo pode ter a suas justificativas, mas nos rouba a liberdade. Por isso Jesus insiste para que não se deixem dominar pelo mesmo. O que eles ouviram no tempo de convivência íntima com o Mestre deverá ser proclamado a todos. Mesmo que não cheguem a ver os frutos do que foi semeado, é preciso seguir adiante, semeando.

6. Nada poderá impedir o projeto de Deus. A própria morte e ressurreição de Cristo é para eles a melhor certeza do poder de Deus. Ouviremos Paulo no próximo domingo nos afirmar que nada nesse mundo poderá nos separar do amor de Deus: perseguição, nudez, tribulação...

7. O nosso medo maior deve ser de nós mesmos, cujo medo pode nos fazer perder de vista a confiança em Deus  e nos enveredarmos por falsas seguranças. O medo da solidão pode ser traidor. Por fim, para todas as situações, mesmo aquelas que envolvem os que nos rodeiam, Jesus exorta a confiar na providência através de algumas comparações, para dizer que conhece o mínimo de cada um.

8. Em suma, o evangelho nos recorda a necessidade de sermos fiéis ao chamado que Deus faz a cada um de nós, abraçarmos a vida cristã e testemunharmos o que cremos. Sempre haverá quem não concorda com nosso estilo de vida ou princípios que conservamos. Jesus espera que sua palavra continue norteando a nossa vida e nos conservemos em comunhão com Ele, independente das mudanças ao nosso redor.

Pe. João Bosco Vieira Leite