Quarta, 31 de maio de 2017

(Sf 3,14-18; Sl Is 12; Lc 1,39-56) 
Visitação de Nossa Senhora.

O mês se encerra com esse convite de louvor a Deus da Virgem que revela também a sua alma. Lucas parte das palavras de Davi ao acolher a Arca em Jerusalém. Assim a liturgia nos convida ao acolhimento de Deus em nossa vida como fez Maria. Mesmo pequenos e limitados somos capazes de dar à nossa vida uma dimensão de serviço escapando da contínua tentação de servir-se de Deus. Para acolhê-Lo é necessário dilatar a nossa alma, desembaraçando-se de nossos limites, dos nossos fechamentos. Assim Maria acolheu o Senhor, não para servir-se d’Ele, mas para colocar-se a serviço, para cantar a Ele, para louvá-Lo. Na sua exultação está um acolhimento generoso, completo, total. Ela nos lembra também que não basta acolher a Deus, no encontro de Maria e Isabel transparece o acolhimento do outro no ajudar e no ser ajudado. Acolher o outro é sempre o que Deus realiza nele e através dele. Também esse gesto requer um esforço de sairmos de nós mesmos, de dilatar a nossa alma para considerar todo encontro sob o olhar de Deus. Que Maria nos ajude nesse processo de abertura a Deus e ao próximo, que façamos a experiência de exultação de alma ao acolhermos Deus no próximo.  


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 30 de maio de 2017

(At 20,17-27; Sl 67[68]; Jo 17,1-11) 
7ª Semana da Páscoa.

Paulo é aquele que se deixa conduzir pelo Espírito Santo, este o adverte sobre o que lhe aguarda. Os textos dessa semana, com saltos significativos, nos revelam os últimos atos de Paulo em sua trajetória missionária. É nesse espírito que acolhemos seu testemunho e despedida diante dos anciãos. Um belo texto. ”A rejeição e as adversidades não foram para Paulo motivo de desalento ou a falta de confiança no anúncio; pelo contrário, perante a rejeição ele compreendeu que os caminhos do Espírito são diferentes dos que os homens projetam. E de novo se pôs a caminho confiando só no seu Senhor. Mesmo o futuro que o espera depois de sua partida de Éfeso está sob o signo da fé. O que conta é a consciência de ter feito tudo para ‘anunciar todo o desígnio de Deus’ (v. 27). É esta profunda certeza que deve acompanhar todos os crentes” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). Inicia-se a chamada oração sacerdotal de Jesus, que ora particularmente por seus apóstolos. Esta tem início revelando o clima de intimidade entre Jesus e o Pai numa mesma missão, nesta se insere também o corpo apostólico. “A última oração permeia todas as relações entre o Pai e Jesus, entre Jesus e os discípulos; não pedindo na esperança de serem atendidos, mas formulando – sob a forma de pedido – quanto já se acredita que foi concedido” (Giuseppe Casarin -Lecionário Comentado - Paulus).
  

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 29 de maio de 2017

(At 19,1-8; Sl 67[68]; Jo 16,29-33) 
7ª Semana da Páscoa.

Nessa semana que nos preparamos para a solenidade de Pentecostes, iniciamos com esse texto onde Paulo se encontra com alguns discípulos que ainda não haviam ouvido falar do Espírito Santo nem que este existia. Realmente, no batismo que eles receberam, na tradição do Batista, a presença do Espírito ainda não era reconhecida. Paulo lhes confere o verdadeiro batismo, o da Trindade, que imprime caráter e revela a força do Espírito Santo em nós. Numa preparação imediata ao que virá, Jesus dá-se a conhecer de um modo mais claro aos seus discípulos, mas essa crença não será suficiente para evitar a dispersão. Mas Jesus sabe que não está só, o Pai está com Ele e Ele estará sempre conosco. “Na vida dos fiéis surge amiúde o desejo de ‘ver claro’, de compreender finalmente como as coisas estão. Uma tentação subtil nos acompanha: quereríamos que Deus estivesse sempre do nosso lado, nos seguisse, nos confirmasse. Certamente o Senhor está do lado do homem, é verdade que Ele acompanha o crente, mas nem sempre segundo suas esperanças. Nos momentos da solidão profunda, quando reparamos que tudo o que está à nossa volta não basta para preencher o nosso desejo de sermos compreendidos e acolhidos, compreendemos como e porquê as nossas perguntas interpelam a Deus. N’Ele todos os nossos ‘porquês’ serão acolhidos e colocados numa outra perspectiva. Não deixam de ser tais, mas são vividos no interior de uma certeza renovada: a certeza de um Deus que, em primeiro lugar e gratuitamente, vai ao encontro do homem. Sempre e em toda parte” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).


Pe. João Bosco Vieira Leite

Ascensão do Senhor – Ano A

(At 1,1-11; Sl 46[47]; Ef 1,17-23; Mt 28,16-20)

1. A cada ano se repetem os textos bíblicos dessa festa, tendo como diferente o evangelho e nós que procuramos compreender esse mistério. O leitor mais atento vai perceber que as narrativas desse mesmo fato divergem sobre local, data, reação dos discípulos etc.

2. É lendo essa narrativa de Lucas que se repete a cada ano que vamos entender que o mais importante é a mensagem deixada pelo autor sagrado.

3. A ressurreição de Jesus criou uma certa expectativa sobre a implantação imediata do seu Reino e muitos cristãos viviam sob a expectativa de um retorno imediato. Lucas vem em socorro de todo esse cenário para esclarecer que na realidade o Reino começado por Jesus segue adiante na vida de seus discípulos, suas testemunhas.

4. O céu para o qual Jesus vai é aquele que carregamos dentro de nós, marcado por suas palavras cheias de esperanças, mas nosso olhar deve fixar-se nas coisas que nos cercam. Os cristãos avançaram na história com todos os demais seres humanos dando a sua contribuição para o desenvolvimento da humanidade, mas cientes que essa pátria não é definitiva.

5. Ascensão e ressurreição são uma mesma realidade. Trata-se do reconhecimento da glorificação de Cristo ao deixar a realidade encarnada e retornar a Sua plenitude. É essa compreensão do mistério que Paulo pede para os seus ouvintes. Embora estejamos comprometidos com as realidades que nos cercam, e não poderia ser diferente, estamos de passagem.

6. Para Mateus, o Deus conosco anunciado ao início do evangelho é o mesmo que permanecerá conosco até o fim dos tempos. Sua ascensão é mais uma força de expressão de sua nova condição do que um mero afastamento de nós. Ele situa tal evento na Galileia, um convite ao recomeço de tudo.

7. A montanha serve como marco simbólico da importância desse encontro de Jesus com seus discípulos e do envio às realidades do mundo. Dúvidas e incertezas permanecem entre nós. O Reino que começou entre nós depende também da adesão dos discípulos. Jesus confere poder aos que têm fé e em nome da Trindade segue seu caminhar.

8. Se um corpo parecia limitar sua ação, agora ele toma corpo na sua Igreja que se espalha pelo mundo. Pode não parecer muito, mas são sementes de ressurreição espalhadas e que serão fecundadas pela força do Espírito, que imploramos desde já em sua força renovadora.


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 27 de maio de 2017

(At 18,23-28; Sl 46[47]; Jo 16,23-28) 
6ª Semana da Páscoa.

Deus vai sempre acrescentando novos reforços capazes de dar prosseguimento a difusão do evangelho e fortalecer suas trincheiras, como o caso de Apolo que aparece no texto de hoje. O salmo expressa essa alegria pela ação divina. Jesus confirma seu papel de mediador e convida seus discípulos a transporem esse novo caminho de comunhão com Deus. “O Evangelho recorda-nos que os discípulos são guiados, no seu caminhar, por uma dupla certeza: sabem que são ouvidos pelo Pai e podem compreender em profundidade o mistério de Jesus. Compreender o mistério de Jesus significar perceber plenamente a lógica da encarnação enquanto manifestação do rosto de Deus, num amor que se dá até a morte. Partindo desta perspectiva, o fiel sabe bem que qualquer coisa que pedir ao Pai, Ele lhe dará. Tudo isto num clima de profunda alegria. Como a confiança e a paz, assim também a alegria cristã amadurece num contexto de crise, já ultrapassado, porém, por Aquele que venceu o mundo. Tal como Jesus, assim também os discípulos devem ter em conta a hostilidade e a perseguição. Mas a última palavra é sempre do amor de Deus” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).



Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 26 de maio de 2017

(At 18,9-18; Sl 46[47]; Jo 16,20-23) 
6ª Semana da Páscoa.

Deus começa a preparar o coração de Paulo para o que virá. O cerco vai se fechando em torno de sua pessoa por causa da pregação do Evangelho, até que as autoridades judaicas consigam que Roma faça ‘justiça’ por eles. Enquanto isso ele segue seu caminho, retardando o máximo possível a hora de sua morte como veremos. “E o missionário segue em frente porque sabe que há um povo que o espera, um povo numeroso e preparado. Com um esclarecimento significativo: ele não cria o povo nem sua expectativa, porque o povo já existe e está pronto. É somente porta-voz do anúncio que ilumina e que acolhe, dá a conhecer o dom de Deus a homens que O procuram. O primado do anúncio da Palavra requer fiéis que se coloquem ao serviço de um Deus que os precede e ao serviço das expectativas dos homens que o Senhor já chamou. É significativo, finalmente, o fato de Paulo nunca falar em sua defesa, embora várias acusações sejam formuladas contra ele: basta-lhe a certeza da Palavra que não desilude” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). É de particular simpatia essa comparação que Jesus faz entre as dores do parto de uma mulher e o processo de sua paixão que culminará na ressurreição, símbolo também da superação, do renascimento e da vitória.

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 25 de maio de 2017

(At 18,1-8; Sl 97[98]; Jo 16,16-20) 
6ª Semana da Páscoa.

Paulo segue o caminho de Cristo, dirigindo-se e insistindo com os judeus a respeito da boa nova divina, até chegar o momento de dirigir-se aos pagãos, a quem Jesus constantemente elogia de modo particular em sua atitude de fé. “Ei-lo que persuade, ensina, discute. Uma proclamação que sabe referir-se aos diversos momentos e às situações dos destinatários, interpelando-os na sua caminhada. O anúncio do Evangelho é proposto na integralidade, certamente, mas a integralidade não é uma síntese apressada de conteúdos doutrinais; é, antes de mais, saber apresentar a proposta de Jesus em múltiplos tempos e modos, de modo a ser compreensível pelo destinatário. E para isto, Paulo encontra sempre um espaço, um lugar; rejeitado pela sinagoga, entra numa casa hospitaleira. E, não obstante a rejeição espalhada, o primeiro a converter-se é o próprio Crispo, chefe da sinagoga, seguido pela sua família. A Boa Notícia ultrapassa a recusa dos homens e possui uma eficácia própria” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). Em doses homeopáticas, Jesus tenta chegar aos seus discípulos para revelar-lhes o passo a passo do que virá com a sua Paixão, quase como um jogo de claro/escuro que os levará a atravessar o processo.


Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 24 de maio de 2017

(At 17,15.22—18,1; Sl 148; Jo 16,12-15) 
6ª Semana da Páscoa.

O aparente fracasso da pregação de Paulo o levará a rever em Corinto a sua própria pregação, como veremos na carta que escreverá depois desse episódio, mas não sai de ‘mãos vazias’ alguns futuros importantes colaboradores abraçam a fé. “A experiência de Paulo narrada nos Atos dos Apóstolos (primeira leitura) propõe-nos um exemplo de evangelização efetuada com grande coragem e lucidez. O Apóstolo não teme criar uma relação entre os textos religiosos e filosóficos de uma cultura e os textos da Bíblia. Opõe-se, todavia, a qualquer tentativa de anunciar a Cristo atenuando a sua novidade e a dureza da mensagem; rejeita um anúncio, domesticado, digamos, que para ter maior consenso esquece a parte central: a Cruz” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). No evangelho Jesus reafirma a função do Espírito de esclarecer e conduzir à verdade. Também afirma, no mistério Trino a comunhão entre os Eles levando-nos a comungar desse mistério.


Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 23 de maio de 2017

(At 16,22-34; Sl 137[138]; Jo 16,5-11) 
6ª Semana da Páscoa.

O gesto de Paulo e Silas em permanecer na prisão após o terremoto provocou a conversão do carcereiro que viu honestidade em tal gesto e sinal de Deus e com ele toda sua família passa a aderir ao cristianismo. Nada mais eloquente que atitudes coerentes com o que acreditamos. Jesus voltará para Deus, centro e meta de Sua vida. Algo que os discípulos não conseguem entender, pois enxergam a morte como um fracasso. Mas quando vier o defensor as coisas ficarão um pouco mais claras, permitindo-lhes avançar na vida percebendo a vitória de Cristo com relação ao mundo. “O Espírito, recorda-nos o Evangelho, demonstrará no coração do discípulo a iniquidade e a falta de solidez da lógica do mundo, das suas intrigas, das suas falsas salvações. Podemos sintetizar a reflexão de João: no processo perene que se realiza na história dos crentes e que vê confrontarem-se  a lógica de Jesus (uma lógica de doação, de amor desinteressado) e a do mundo (fundada na posse, no ter e no poder) os discípulos são colocados à prova. O mundo e sua lógica parecem ser vencedores, Cristo e a sua lógica aparecem como vencidos. Pois bem, o Espírito confirmará os discípulos no caminho do serviço, demonstrando que na realidade, são eles os verdadeiros vencedores” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 22 de maio de 2017

(At 16,11-15; Sl 149; Jo 15,26—16,4) 
6ª Semana do Tempo Pascal.

Uma breve narrativa dos deslocamentos de Paulo e seus companheiros e do modo como oportunamente transmitiam a fé em Jesus fazendo novos discípulos. Se o operário é digno do seu salário, isso lhes traz o acolhimento fraterno dos que passam a comungar a mesma fé. O evangelho é uma continuação do domingo, em sua partida Jesus anuncia a vinda do defensor, do Espírito da verdade, que assistirá aos discípulos nos momentos difíceis que estão por vir. A recordação das palavras de Jesus lhes trará a firmeza para o testemunho e a certeza de que não estão sozinhos. “O Espírito da verdade, diz João, permitirá aos crentes ler a História à luz da conclusão da vida de Jesus, que é também antecipação do seu futuro. Ele permitirá aos discípulos compreender como, em que sentido e com que consequências, a lógica da Cruz/Ressurreição é a verdade última, a chave de leitura das suas vidas, o critério para viverem a verdade. Com efeito, se os crentes tivessem de ler a História só à luz do presente, concluiriam que o amor, o dom, a gratuidade (os traços essenciais da vida de Cristo) estão derrotados e vencidos. Pelo contrário, lendo o presente à luz do juízo definitivo de Deus, estão em condições de compreender como só o amor constante – embora desmentido e crucificado – constrói a História e é fundamento de uma vida sólida” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).



Pe. João Bosco Vieira Leite

6º Domingo da Páscoa – Ano A

(At 8,5-8.14-17; Sl 65[66]; 1Pd 3,15-18; Jo 14, 15-21)

1. O texto dos Atos dos Apóstolos que vimos acompanhando dá um salto significativo em sua narrativa e nos coloca na ação evangelizadora dos que tiveram que fugir após a morte de Estevão e consequente perseguição dos cristãos.

2. Filipe está na Samaria e a estes anuncia a boa nova de Jesus. A ele se unem Pedro e João ao saberem desta nova comunidade fora de Jerusalém. O texto quer nos revelar a unidade da Igreja que cresce e precisa manter a ligação com os Apóstolos, ao mesmo tempo nos revela aquilo que alguns vieram a chamar depois de ‘batismo no Espírito Santo’. Esse Dom maior já nos é dado no batismo, mas o seu aprofundamento pode despertar em nós dons adormecidos que nos possibilitam nova experiência de oração e comunhão com o Senhor.

3. Também Pedro nos fala da perseguição infligida aos cristãos em sua carta. Seu conteúdo é convite a perseverar e perceber que é o próprio Cristo que está sendo combatido neles. É necessário manter firme as convicções daquilo que acreditam e vivê-las, sem ódio pelos que os perseguem, mas, porém, sem medo sejam capazes de testemunhar sua fé. 

4. O texto do evangelho vem na sequência do domingo anterior, o discurso de despedida de Jesus. Nesse ambiente de incertezas criado pelo anúncio de sua partida, Jesus faz algumas revelações. A mais importante delas é a presença do Espírito Santo na vida dos discípulos e da própria Igreja, como vimos na 1ª leitura.

5. O amor deles por Jesus, a perseverança em suas palavras lhes possibilita tão grande assistência. O mundo não consegue perceber isso. Mas de que mundo está falando? O ‘mundo’ que o autor se refere é aquele aonde Deus não consegue penetrar por estar tomado pelo mal, por tudo aquilo que se opõe ao amor que Jesus ensinou e viveu.

6. Já ensaiamos aqui o domingo de Pentecostes. O Espírito age em nós e por nós como um defensor, um advogado, colocando-se ao nosso lado, particularmente nos momentos difíceis. Um convite também a não se deixar abater pelas dificuldades, permanecer firme e alegre no Senhor, ainda que uma ou outra aparente derrota se faça sentir.

7. É o mesmo Espírito que assiste a Igreja para manter íntegra a mensagem do evangelho, ainda que seus ministros não o possam fazê-lo. E não esqueçamos que se a verdade é o próprio Jesus, que manifesta a essência de Deus, o Espírito comunga dessa mesma realidade e nos permite aderir livremente à revelação de Deus.

8. Ao Espírito cabe principalmente ir nos conduzindo nessa verdade de Deus; naquilo que ainda não compreendemos das palavras de Jesus. Isso requer abertura e discernimento da parte dos seus discípulos, da própria instituição Eclesial, para compreender nos movimentos da vida a ação renovadora de Deus através do Seu Espírito. 


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 20 de maio de 2017

(At 16,1-10; Sl 99[100]; Jo 15,18-21) 
5ª Semana da Páscoa.

Guiado pelo Espírito de Deus, Paulo segue seu itinerário apostólico divulgando o novo parecer que permitia acolher os pagãos sem obriga-los a circuncisão. Paulo tem como companheiro de viagem o jovem Timóteo a quem dedicará duas belíssimas cartas. Jesus revela a identidade do verdadeiro discípulo: a rejeição e a consequente perseguição, como fizeram a Ele, a ponto de o considerarem um louco na sua proposta. Sim, Jesus e seus discípulos talvez vivam no ‘mundo da lua’, verdadeiramente não são deste mundo. “É verdade que amiúde os cristãos podem experimentar o contraste com o mundo (Evangelho). O mundo indica em João quantos rejeitam voluntariamente a proposta de Jesus. Nas palavras do Mestre estão presentes também as interrogações e as perplexidades dos cristãos das primeiras gerações; se na verdade a Palavra de Cristo é uma Boa Notícia, como é que o mundo rejeita? Se a força da ressurreição está já operante na História, como é que nada parece mudar? Os acontecimentos de Jesus iluminam e colocam na sua justa perspectiva as perguntas dos discípulos: a perseguição faz parte da história da Salvação. Mais precisamente: é a Via-Sacra que continua. Com dois aspectos: a perseguição não significa ausência de Deus, mas o seu modo de estar presente ao contrário das expectativas humanas; além disso a caminhada do discípulo é acompanhada pela certeza de que a última palavra é a de Deus: ‘Se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa’ (cf. Jo 15,20)” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 19 de maio de 2017

(At 15,22-31; Sl 56[57]; Jo 15,12-17) 
5ª Semana da Páscoa.

Pedro oficializa, por assim dizer, a decisão tomada em conjunto através de uma carta, mas também de representantes da comunidade de Jerusalém assegurando a verdade da comunicação levada por Paulo e Barnabé. Jesus reafirma ‘a medida’ do amor sem medida: Ele mesmo, que se revelou amigo da humanidade, pede que cultivemos os mesmos sentimentos pelos que caminham conosco nessa longa estrada da vida. “O amor de que fala João no Evangelho é um amor chamado a tornar-se comunhão, solidariedade, partilha, na linha da reciprocidade. Desta reciprocidade o texto oferece-nos também o estilo, a modalidade: ‘Como Eu vos amei’. Trata-se de um amor recíproco na linha da fidelidade obstinada e sem arrependimentos, um amor que faz com que a pessoa exista enquanto participante do mesmo amor de Deus. Então o amor fraterno é já lugar de salvação, é já experiência de Deus, é o caminho que subtrai o homem à solidão e à morte. O amor basta-se a si mesmo” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 18 de maio de 2017

(At 15,7-21; Sl 95[96]; Jo 15,9-11) 
5ª Semana da Páscoa.

Depois de longa discussão e da colocação de Pedro e Tiago, os presentes compreenderam que o que parecia uma novidade estava já nos planos de Deus, que a todos quer atrair para si, e ao mesmo tempo a compreensão que tempos novos exigem mudança de certas tradições. O evangelho de João desemboca numa palavra chave da relação dos discípulos com Jesus: ‘permanecer’ no seu amor, como Ele permanece unido ao Pai. “O discípulo, diz-nos João no seu Evangelho, é aquele que permanece no amor de Jesus: ou seja, é aquele que acolhe e prolonga a comunhão que une o Pai e o Filho. Comunhão que, na história de Jesus, se revelou como amor para com os discípulos (‘Como eu vos amei’: Jo 15,9). É o amor fraterno que glorifica o Pai e é sempre amor fraterno o mandamento que devemos acolher e praticar: um amor até ao completo dom de nós mesmos. Esta perspectiva coloca o crente num clima de plena alegria, na mesma alegria do Ressuscitado. Esta é uma realidade presente e futura, já dada, mas dirigida para a plenitude; uma realidade que o crente pode encontrar e experimentar no amor recebido” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 17 de maio de 2017

(At 15,1-6; Sl 121[122]; Jo 15,1-8) 
5ª Semana da Páscoa.

Paulo e Barnabé retornam a Jerusalém para tratar do assunto da circuncisão dos pagãos requerida pelos judeus da comunidade de Antioquia junto aos apóstolos, não sem antes comunicar a ação de Deus em meio a eles. Um pequeno retrato da unidade mantida na Igreja em meio às situações novas que vão aparecendo e a criatividade necessária para resolvê-los. João nos apresenta mais uma de suas belas imagens comparativas de Deus, da relação entre o Pai e Jesus, e a nossa com Eles. “A imagem da vinha (Evangelho) permite ao evangelista João sublinhar que só de Jesus provém a vida: Jesus Ressuscitado é a vida da Igreja. Quantos desejam fazer parte dessa comunidade devem permanecer unidos a Ele, como os ramos à videira. A opção é clara: ou permanecer com Cristo e dar fruto, ou morrer sem dar fruto. E permanecer em Cristo significa perseverar, unir-se a Ele, quaisquer que sejam as situações, as dificuldades, as provas que se estão vivendo” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 16 de maio de 2017

(At 14,19-28; Sl 144[145]; Jo 14,27-31) 
5ª Semana da Páscoa.

Paulo sofre pessoalmente em seu compromisso de fé e com ele a comunidade. Mas o Reino segue seu percurso, tendo agora Antioquia como outro centro de difusão da fé. No discurso de despedida Jesus pede que eles façam a experiência da paz que só Ele pode proporcionar, pois nos garante a alegria e a certeza de uma vida plena em Deus, no tempo devido de nossa existência. “’Deixo-vos a minha paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo’ (Jo 14,27): a afirmação de Jesus é solene. Ele, de fato, não só augura a paz, mas a dá. João fala de paz somente no contexto da Paixão e da ressurreição: duas vezes no ‘discurso de adeus’ (cf. Jo 14,27 e 16,33) e duas vezes nas aparições de Jesus ressuscitado aos discípulos (cf. Jo 20,19-21). Notemos: as últimas palavras pronunciadas por Jesus antes da Paixão e as primeiras depois da Ressurreição são as mesmas! A paz dada por Jesus está ligada à sua presença, não está na ausência da Cruz, mas sim na certeza da sua vitória. Uma certeza por Ele anunciada e entregue gratuitamente aos discípulos: “Eu venci o mundo” (Jo 16,33). Nisto se baseia a esperança dos crentes no seu trabalho, dia-a-dia, em prol da paz” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).


Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 15 de maio de 2017

(At 14,5-18; Sl 113B[115]; Jo 14,21-26) 
5ª Semana da Páscoa.

Também Barnabé e Paulo sofrem as consequências de sua fidelidade a Jesus e pela pregação da Palavra, ao mesmo tempo há os que façam confusão entre o instrumento e o autor da graça como aconteceu em Listra, provocando uma reação forte de Paulo e Barnabé pra evitar que lhe oferecessem sacrifícios, julgando-os deuses. Essa confusão, mesmo dentro do cristianismo é mais comum do que o que a gente pensa. “O mundo pagão, habitado por muitos deuses, está propenso a ver a presença da divindade no que é extraordinário, miraculoso. Nesta perspectiva torna-se fácil confundir os planos (o humano e o divino) e equivocar-se com os sinais que poderiam levar à compreensão de Deus. Paulo e Barnabé oferece-nos duas provocações: o arauto do Evangelho é um homem entre os homens, um mortal como nós mortais. Nisto não se diferencia dos outros. O que o caracteriza, e é a outra provocação, é a sua maneira diferente de ler a História, em relação a Deus. Ele anuncia Alguém que é um Deus que tem a seu cuidado a História dos homens, é o Senhor da Criação que se coloca ao serviço dos homens e vai ao seu encontro, e não vice-versa!” (Giuseppe Casarin -Lecionário Comentado - Paulus). Jesus continua a falar dessa comunhão que existe entre Ele e o Pai e como dela participamos quando nos envolvemos com a pessoa de Jesus. Sim, o Espírito Santo nos ajuda nesse processo.


 Pe. João Bosco Vieira Leite

5º Domingo da Páscoa – Ano A

(At 6,1-7; Sl 32[33]; 1Pd 2,4-9; Jo 14,1-12).

1. A comunidade ideal apresentada nos Atos tinha também suas dificuldades, por isso a leitura de hoje nos revela, num simples episódio, como teve que se estruturar para atender as necessidades que surgiam. O texto destaca também a ministerialidade de uma comunidade onde todos são servidores, comprometidos com a causa do Reino e distribuídos nas diversas funções.  

2. As diversas comunidades formam a Igreja que Pedro compara a um edifício espiritual, tendo Jesus por base, a pedra angular, sob a qual todo o edifício se ergue, e onde cada membro é um tijolo dessa edificação. Esse novo templo faz de cada um de seus membros um sacrifício vivo e espiritual no oferecimento de si pelo sacerdócio comum que vivemos a partir do nosso batismo.

3. A comunidade de fé pensada por Jesus precisa ser reforçada em sua confiança. O apoio é agora duplo e uno: Ele e o Pai. Estamos no contexto da despedida de Jesus. A liturgia nos convida a recordarmos as últimas recomendações de Jesus na última ceia. Ele fala de preparar-lhes um lugar. O lar, a casa como espaço da tranquilidade é comum ao ser humano.

4. João imagina o mundo celeste como um grande palácio ou como um templo de muitos aposentos. Cuidemos de não confundir suas palavras com uma espécie de seletiva ou graus de premiação ao paraíso.
* Antes de chegar a essa comunhão plena é preciso percorrer o caminho. O de Jesus é o da entrega pela salvação do mundo, que os discípulos insistem em não aceitar ou entender. Eles e nós temos um longo caminho a percorrer dessa verdade e vida que é o próprio Jesus.

5. Em nossos textos sobressaem a ideia da comunidade cristã, cuja base inspiradora e sustentadora é o próprio Jesus e o Pai. Os que dela se acercam devem encontrar o seu próprio caminho nos diversos ministérios e serviços, na doação de si.

6. O Documento 105 da CNBB trata da vocação do leigo na Igreja e no mundo, objeto de reflexão uma outra vez, pois no doc. 62 já se buscava recuperar a visão dada pelo Concílio Vaticano II. Reconhecendo-lhes o direito de organização não só para ações diretamente eclesiais, mas para o seu papel nas realidades civis.

7. O texto faz uma breve reflexão do perfil mariano da Igreja para dar aos leigos uma intuição de como deve ser a atitude de escuta e ação a partir do seu compromisso de fé. Assim, o lugar que buscamos vai depender do caminho que faremos, inspirados em Jesus, de serviço e de doação na Igreja e no mundo.

8. O restante do nosso evangelho está centrado na relação entre Jesus e o Pai. Tudo o que Ele faz está em plena comunhão com Deus, assim, quem o vê, vê o Pai. Assim, olhando o ser e agir de Jesus descobrimos o rosto humano de Deus. Que outro caminho temos nós para o Pai se não amar como Jesus amou, pensar como Jesus pensou, viver como Jesus viveu...?


Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 13 de maio de 2017

(Is 61,9-11; Sl 44[45]; Lc 11,27-28) 
N. Sra. de Fátima.

Mesmo sendo uma memória facultativa para os que não a tem como padroeira, nesse centenário da primeira aparição, dedicamos esse dia, ainda mais sendo um sábado, um olhar sobre a liturgia da palavra desse dia, nosso louvor à Virgem. O texto de Isaias empresta voz a comunidade que louva ao Senhor pela ação em seu favor. O trato ‘feminino’ do texto aplica à Virgem os mesmos sentimentos. Se o nosso louvor se eleva pela maternidade de Maria, pela particular escolha e vocação, Jesus diz que ela é bem aventurada muito mais pela escuta e prática da Palavra.

De 13 de maio a 13 de outubro de 1917, a Virgem apareceu em Fátima a três crianças: Lúcia, Francisco e Jacinta. No dia 13 de outubro, milhares de pessoas puderam observar um prodígio que fora anunciado por Nossa Senhora: o sol começou a girar sobre si mesmo, assemelhando-se a roda de fogo, durante uns dez minutos. A Virgem também pediu que o mundo fosse consagrado ao seu Coração Imaculado. Esta consagração, a pedido do episcopado português, foi realizada solenemente por Pio XII no dia 31 de outubro de 1942 e renovada por João Paulo II. 



Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 12 de maio de 2017

(At 13,26-33; Sl 2; Jo 14,1-6) 
4ª Semana da Páscoa.

Paulo chega ao ponto principal do seu discurso ao fazer uma síntese do processo da paixão que culminará na sua ressurreição, tudo como estava escrito, cumprimento das profecias. O evangelho é parte do texto desse domingo. No discurso de despedida Jesus menciona a sua partida e seus discípulos expressam desconhecer, em seu temor, para onde se encaminha Jesus. Jesus pede confiança n’Ele e no Pai. Sua vida é por si uma revelação de como chegarmos a Deus. “”Eu sou o caminho...’: a perspectiva que o texto do Evangelho nos oferece é importante. Diz-nos que não é o homem que deve ir à procura da verdade, como se esta fosse uma conquista sua. Ele é chamado, ao invés, a colocar-se numa atitude constante de escuta e de discernimento. De fato é necessário acolher a história de Jesus – as Suas opções, os Seus caminhos – como normativa. É na lógica da existência de Jesus que o crente compreende a realidade profunda da verdade entendida em sentido bíblico: a comunhão do Filho com o Pai” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).


Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 11 de maio de 2017

(At 13,13-25; Sl 88[89]; Jo 13,16-20) 
4ª Semana da Páscoa.

Iniciamos a escuta do discurso de Paulo em Antioquia da Pisídia. Paulo se serve de todo o seu conhecimento bíblico para preparar o terreno para o anúncio de Jesus Cristo, fazendo uma ligação direta com a descendência de Davi, de onde viria o Messias prometido. Um texto interessante. O evangelho nos lança ao cenário da última ceia, depois do lava pés. Jesus fala da dimensão do serviço que nos coloca no mesmo patamar dele, que se colocou a serviço da humanidade a pedido do Pai nessa expressão trinitária de um Deus voltado sobre e para o ser humano. Faz-se particular menção à traição de Judas: “Jesus serve, doa-Se sabendo que será entregue nas mãos dos outros: é o paradoxo da Cruz que se torna a chave de leitura da vida cristã. Com uma atenção dupla. A primeira é: a comunidade cristã não deve escandalizar-se perante a traição, porque Jesus viveu essa experiência e esta não teve a última palavra. A segunda é: a comunidade não deve deixar-se embalar em falsas seguranças porque o pecado é sempre possível” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).


Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 10 de maio de 2017

(At 12,24—13,5; Sl 66[67]; Jo 12,44-50) 
4ª Semana da Páscoa.

Confirmando o relato anterior, por força do Espírito Santo, Paulo e Barnabé iniciam sua jornada rumo aos pagãos para a evangelização. João Marcos os acompanha, o provável autor do evangelho que leva seu nome. A glorificação das nações ao Senhor depende do conhecimento que essas tenham d’Ele, daí o canto do salmo num alegre convite ao louvor.    Nesse discurso de comunhão entre Jesus e o Pai aparecem alguns elementos que repetem no evangelho de João: acolher o Filho é acolher o Pai; o Filho é o rosto humano de Deus; Jesus é a Luz do mundo; somos julgados pela Palavra que ouvimos. “No Evangelho Jesus sente a necessidade de partilhar as coisas mais profundas que caracterizam a Sua vida. Fala, sim, da Sua profunda missão, mas para sublinhar que a recebe do Pai; a Palavra que Ele nos diz não vem d’Ele, mas do Pai e leva ao Pai; vendo o Filho – afirma ele – pode ver-se o Pai, ‘Aquele que O enviou’ (cf. Jo 12,45), na expectativa do dia em que ‘seremos semelhantes a Deus, porque O veremos como Ele é’ (cf. 1Jo 3,2). Jesus que ‘grita em alta voz’ (Jo 12,44) é o profeta escatológico esperado. Ele vem como luz para rasgar as trevas que caem sobre a vida humana. É-nos pedido que acreditemos que Jesus está do nosso lado: ‘Não vim para condenar o mundo, mas para salvar o mundo’ (Jo 12,47). Rejeitando esta âncora de salvação, não podemos deixar de nos condenarmos a uma existência insatisfeita, auto excluindo-nos da alegria” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus).


Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 09 de maio de 2017

 (At 11,19-26; Sl 86[87]; Jo 10,22-30) 
4ª Semana da Páscoa.

Lucas nos oferece um pequeno retrato da expansão do cristianismo e um espírito de colaboração no trabalho missionário sempre presente na Igreja, sem o qual o cristianismo não teria chegado aonde chegou. Aproveita-se para apresentar a figura de Barnabé e dá o prenúncio do trabalho que empreenderá com Paulo. Jesus reafirma a sua missão de Pastor em comunhão com o Pai. “No Evangelho Jesus, retomando o tema do pastor e das ovelhas, define em primeiro lugar quem é o verdadeiro discípulo: é aquele que ‘escuta a sua Palavra e O ‘segue’. Escutar indica a compreensão profunda da história de Jesus e da lógica que a guiou; a sequela relembra a atitude do discípulo que segue os passos do Mestre, o qual, em primeiro lugar, abre caminho. ‘Escutar’ e ‘seguir’ são assim os dois rostos da fidelidade a que o crente é chamado” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). 


Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 08 de maio de 2017

(At 11,1-8; Sl 41[42]; Jo 10,11-18) 
4ª Semana da Páscoa.

Paulo é chamado de apóstolo dos gentios, mas Pedro também teve a sua experiência e confirmação de que o evangelho era para todos os povos e assim partilha com os judeus convertidos essa sua certeza. Há muitos que trazem consigo o desejo de Deus que desconhecemos. Oremos por eles, para que sejam também visitados por algum instrumento de Deus que lhes anuncie a boa nova. O nosso evangelho abandona a imagem da ‘porta’ do dia de ontem para assumir, por parte de Jesus, a sua posição de pastor, que diferente do mercenário, cuida verdadeiramente das ovelhas. Oxalá um dia sejamos um só rebanho, e creio que já o somos, pois Deus ama a todos independente de nosso grau de proximidade e como Pai sabe das nossas diferenças. “Entre Jesus, o Belo Pastor, e as Suas ovelhas existe uma relação de conhecimento (vv. 14-15). Jesus ‘conhece’ os Seus: é uma relação de amor em virtude da qual o pastor convida os Seus a segui-lo, e que se exprime no dom que lhes faz da vida eterna (cf. 10,27-28). Um conhecimento que encontra seu modelo e a sua fonte no conhecimento recíproco de Cristo e do Pai (v. 15)” (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). 


 Pe. João Bosco Vieira Leite

4º Domingo da Páscoa – Ano A

(At 2,14a.36-41; Sl 22[23]; 1Pd 2,20b-25; Jo 10, 1-10).

1. O 4º domingo da Páscoa é dedicado a contemplação da imagem do Pastor. Ela aparece na força do discurso de Pedro ao povo de Israel. Ele já havia recordado que Jesus passou fazendo o bem e, apesar disso, foi crucificado, mas Deus o ressuscitou, constituindo-O Senhor e Messias.

2. Acolhendo a palavra de Pedro, eles se dispõem a fazer um caminho de conversão, deixando o passado de erros, acolhendo o batismo e com este o dom maior do Espírito Santo. O salmo que se segue nos serve de ponte para os textos seguintes que têm em Jesus a perfeita imagem de pastor, reflexo de uma espiritualidade de confiança em Deus que quer o nosso bem.

3. É o mesmo Pedro que prossegue o seu discurso consciente que o batismo mudou a vida de quem o recebeu, mas não a sociedade em que vive, marcada por injustiças. Pedro os exorta a contemplarem a Cristo e não tomarem outro caminho que não seja o de Jesus; somente agindo como Ele agiu é possível estabelecer novas relações.

4. No nosso ciclo litúrgico trienal, o capítulo 10 de João nos é oferecido em partes para refletirmos sobre o pastoreio de Jesus e de todos os que se envolvem com a sua causa. Socialmente falando a figura do pastor não era bem vista pelo estilo de vida que levava, quem o reconhecia e o seguia eram suas ovelhas.

5. É a partir dessa identificação entre pastor e ovelhas que Jesus se serve dessa experiência do seu tempo para falar de si e da confiança que podemos depositar nele.

6. Mais do que pastor, ele aparece hoje como porta pelas quais passam as ovelhas e os verdadeiros pastores. Ele é a medida, a referência. Os que tentam entrar por outra via não são pastores, afirma.

7. A essa afirmação Ele acrescenta outros elementos de reflexão. Ele cancela toda ideia de massa e anonimato, para falar de uma relação pessoal: conhece a cada uma em suas necessidades. Chama a atenção com relação às falsas promessas de alguns que estão pautadas em interesses pessoais. Ele fazia uma referência aos chefes religiosos e políticos de seu tempo.

8. Hoje as vozes se multiplicaram. O desafio é filtrar e detectar a voz do Pastor. De não se deixar levar. Isso exige discernimento e a escuta contínua da Palavra, para que ela seja luz do caminho que fazemos.

9. A imagem da porta pode nos parecer estranha, mas lembremos dos aeroportos e bancos com seus detectores de metais. Jesus quer nos colocar alertas aos sinais que não são compatíveis com o reino e com a vida cristã. Assim ele desperta a consciência de seus ouvintes para ação de todos aqueles que geram ou não vida.

10. Que vai, em nosso país, de um pai que se torna atravessador das mercadorias roubadas do colégio do próprio filho, passando pelos diretores de empreiteiras e políticos em geral. Até quando seremos coniventes com tudo isso? Há lobos em pele de cordeiro dizimando o rebanho. A quem de fato estamos seguindo?


 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 06 de maio de 2017

(At 9,31-42; Sl 115(116b); Jo 6,60-69) 
3ª Semana da Páscoa. 

Num momento de tranquilidade vivido pela Igreja primitiva, Lucas nos conta dessa experiência de Pedro, ainda maior, do poder de Jesus, confirmando a comunhão dos apóstolos com o ministério de Jesus, Senhor da vida. Na conclusão do discurso de Jesus suas palavras são tomadas como difíceis pela falta de fé que já se faz presente no coração de muitos. É Pedro quem toma a palavra para reafirmar a fé dos doze em Jesus. "O tema do Espírito e da Palavra liga como um fio sutil as leituras de hoje: é o Espírito que enche de força a Igreja (primeira leitura) e dá a vida e a luz para compreender as Palavras do Senhor (evangelho). A palavra de Jesus, viva e eficaz na fé e nas palavras de Pedro, concede saúde e ressurreição na narração dos Atos dos Apóstolos. É a palavra de Jesus, que é Espírito e vida, que dá a vida eterna, diz-nos João, àqueles que fazem sua a fé e as palavras de Pedro" (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). 


Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 05 de maio de 2017

(At 9,1-20; Sl 116[117]; Jo 6,52-59) 
3ª Semana da Páscoa. 

Encontramo-nos outra vez com o texto da conversão de Paulo a partir de um incidente no caminho.  A pergunta "Quem és tu, Senhor?" , de Paulo, levará um tempo para ser respondida de modo pleno é satisfatório. Sua conversão lhe colocará numa longa corrida até alcançar o prêmio de ver face a face Àquele que se tornou o fim de sua jornada. O discurso de Jesus caminha para o fim e Ele não ameniza ao falar do mistério de corpo entregue para a vida do mundo e dessa comunhão que se estabelece entre quem O come e o Pai. "João, que não apresenta uma narração da instituição da Eucaristia, exprime o significado mais profundo dela enquanto 'carne' e 'sangue' doados para a vida do mundo, uma vida que não poderá estar comprometida pela morte. A Eucaristia abre o caminho da união mais íntima com Cristo e com o Pai, é o penhor de ressurreição, dispõe e habilita ao serviço, na Igreja, na comunidade dos homens" (Giuseppe Casarin - Lecionário Comentado - Paulus). 


Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 04 de maio de 2017

(At 8,26-40; Sl 65[66]; Jo 6,44-51) 
3ª Semana da Páscoa.

Filipe faz a experiência de se deixar conduzir pelo Senhor nos caminhos da evangelização ao batizar esse estrangeiro que levará ao seu país não só a experiência vivida, mas um testemunho que se expande pelas mãos dos apóstolos. A palavra partilhada com o outro no caminho nos permite sempre uma nova luz de compreensão. Retomamos o discurso de Jesus sobre o pão da vida. Chega-se a ele pela fé, que o Pai concede como dom. Jesus é a expressão desse amor que alimenta ao longo do caminho e preserva a vida que nos foi dada da corrupção dando-nos a plenitude. "O evangelho de João estimula-nos a ultrapassar a dimensão sensível, temporal da vida, e daquilo que a torna satisfatoriamente vivida, para termos fome e sede de alguma coisa - melhor dizendo, de Alguém - capaz de conferir plenitude e sentido de definitivo" (Giuseppe Casarin -Lecionário Comentado - Paulus). 


Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 03 de maio de 2017

(1Cor 15,1-8; Sl 18[19]; Jo 14,6-14) 
Santos Filipe e Tiago, apóstolos e mártires.

A liturgia da palavra, para celebrar os apóstolos conjuga dois textos onde os nomes são citados, para dar-nos uma breve visão da presença dos mesmos no mistério de Cristo e da Igreja. Paulo nos deixa claro a importância de conservar tanto a palavra do evangelho quanto daqueles que foram testemunha da ressurreição de Jesus. Paulo é bastante humilde ao se reconhecer indigno de merecer esta visão do Senhor depois dos apóstolos. Jesus reafirma a Filipe a sua profunda comunhão com o Pai, reafirmando ser ele o rosto humano de Deus, talvez não tanto no aspecto físico, mas da misericórdia transmitida através do homem Jesus. Assim Ele se reafirma como Caminho para essa comunhão que tanto desejamos. O conhecimento e a imitação de Jesus nos possibilitam a comunhão com o Pai. 


Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 02 de maio de 2017

(At 7,51—8,1; Sl 30[31]; Jo 6,30-35) 
3ª Semana da Páscoa.

 O Estevão que se destaca no grupo dos diáconos, encarregados da mesa, dos órfãos e das viúvas, aparece na nossa primeira leitura, tomado de uma santa impaciência diante da resistência dos anciãos e doutores da lei; o texto indica como que uma experiência mística que o prepara para o que virá, entregando a vida e imitando Jesus que pede perdão para os seus algozes. A sombra de Paulo se impõe nesse cenário. “... na fidelidade a Cristo, Estevão abriu-se ao Espírito e foi fiel à Palavra da Vida: reconheceu o Senhor Jesus até O seguir na Paixão e na glória. Não se trata de uma doutrina, mas de uma Pessoa, Aquele que pede para entrar na nossa vida para a alimentar” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus). No evangelho retomamos o discurso de Jesus sobre o Pão da Vida tentando esclarecer o significado da multiplicação dos pães realizada anteriormente se auto definindo como pão da vida: “No discurso de Cafarnaum estamos ainda longe deste cume, no entanto já a palavra de Jesus se torna dura, cortante e irredutível, mas não reduzida ao nível de acomodações e de compromissos parciais: Ele é o pão da vida, quem vem a Ele nunca mais terá fome, quem crê n’Ele nunca mais terá sede (cf. Jo 6,33). A expectativa mais profunda do homem, em Cristo, realizou-se: o novo nascimento anunciado a Nicodemos (cf. Jo 3,3.5-8) , a água prometida à Samaritana (cf. 4,10), a vida proclamada junto à piscina de Betesda (cf. 5,21-27) encontram agora abertamente um nome e um rosto no ‘Eu sou’ de Jesus, pão da vida” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).  
  

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 01 de maio de 2017

(Gn 1,26—2,3; Sl 89[90]; Mt 13,54-58) 
São José Operário na 3ª Semana da Páscoa.  

No ano anterior já fizemos um comentário sobre os textos do tempo pascal, podemos assim nos voltar um pouco sobre a memória facultativa (não obrigatória para as comunidades que não tem São José como padroeiro) de São José Operário. O Deus trabalhador de Jesus aparece no começo da Bíblia na confecção do ser humano, tornando-o coparticipante da obra criadora e descansou no sétimo dia, sinalizando ao ser humano a necessidade de um tempo para si mesmo e para a contemplação da vida e do Criador, pois mesmo com toda pressa com que vivemos, somos criaturas e nossas preocupações não são capazes de aumentar os dias de nossa breve existência. O evangelho identifica Jesus como o filho do carpinteiro, o que gera preconceito por parte de seus conterrâneos; Jesus lhes repete um antigo ditado, mas sabe do limitado modo que o veem. Nesse dia lembramos a dignidade de cada homem e cada mulher na função que desempenha, que constrói o mundo e a sociedade. Jesus não teve vergonha de ser um simples carpinteiro. No seu modo humilde de ser nos indica que tudo tem sua importância nessa vida, mesmo com toda essa distinção que fazemos de cargos e salários. Afinal de contas o fim que nos espera não é o mesmo? Não teremos como prêmio desta vida a mesma coisa? Ou será que nos iludimos com os próprios títulos que carregamos? Não nos incomoda a injustiça reinante ainda mais quando descobrimos que somos lesados em nosso direito por aqueles que elegemos? São José Operário, rogai por nós!


 Pe. João Bosco Vieira Leite