Imaculada Conceição

(Gn 3,9-15.20; Ef 1,3-6.11-12; Lc 1,26-38)

1. O prefeito de Chapecó, no meio de toda aquela chuva que caia em meio ao velório das vítimas do acidente aéreo, quis ser um pouco poético ao dizer que Deus tinha o direito de chorar. Certamente chora, se isso é possível, sobre a estupidez humana. Mas o autor do Gênesis não fala de lamento, mas de uma sentença carregada de esperança.

2. Apesar de tudo, Deus insiste em sonhar com uma humanidade renovada, assim promete a vitória da mulher sobre o antigo inimigo. A Festa da Imaculada se coloca no contexto do Advento por causa dessa expectativa ansiosa do nascimento do Salvador. Em Maria, o que sonhara Deus para a humanidade, se concretiza.

3. A Igreja afirma, em meio às intuições que brotam do texto bíblico, que toda a pessoa e vocação de Maria se orientam para a obra de Deus, que é a restauração da humanidade em Cristo Jesus. Ao desejo de redimir a humanidade está associado o desejo de restaurar a criação. Adão e Eva foram criados à imagem divina, para restaurar essa primeira humanidade, Cristo e Maria simbolizam um novo começo para nós.

4. Se o paraíso perdido se deu pela frustração amarga do impossível ‘ser como Deus’, o evangelho recupera essa possibilidade e desejo do infinito ao afirmar que somos filhos no Filho. Paulo bendiz a Deus pelo seu plano de resgate da humanidade. Ele fala de predestinação como se nos dissesse que o amor de Deus pode vencer a nossa resistência. 

5. Assim, Maria compreende que sua vida estava envolvida em algo maior. Seu sim nada mais é que uma resposta a percepção desse amor de Deus que envolvia a sua existência.

6. Assim a liturgia não só celebra a especial escolha de Maria por parte de Deus, mas nos envolve nesse mesmo plano de restauração da humanidade. O advento, com seus tons quaresmais, também nos pergunta: ‘onde estás?’. Por que se esconder de Deus se ele deseja tão somente nos devolver o paraíso perdido?

7. Como modelo de uma humanidade restaurada, Maria encontrou em Jesus o seu paraíso. Não é à toa que a invocamos também como porta do céu. Na sua humanidade e humildade compreendemos que fazer a vontade de Deus nos garante a vitória sobre o pecado. Pedimos a ela a particular intercessão pelo caminho que estamos fazendo.

“Se és quem acredito que tu és: mãe de Jesus, e ele é Deus! Se estás onde acredito que estás: na eterna luz, vivendo aí no céu!
Se vês o que acontece nesta vida, então tu vês também meu coração; se podes influir na minha vida então influi porque eu preciso de oração!
Se és a minha mãe, então me escutarás! Se és a mãe de Deus, então me ajudarás! Se tinhas tanta graça e tanto amor no teu viver. Então me dá um pouco desse amor. Eu não consigo me converter...!” (Pe. Zezinho). 


 Pe. João Bosco Vieira Leite