25º Domingo do Tempo Comum. Ano C

(Am 8,4-7; Sl 112 [113]; 1Tm 2,1-8; Lc 16,1-13).

1. No evangelho, Jesus nos conta uma parábola que envolve o comércio de bens. Para ilustrar tal situação, a liturgia insere esse texto do profeta Amós, que viveu num período de franco crescimento econômico em Israel. Mas tal período também foi marcado pela exploração dos mais pobres, denunciado pelo texto. Desde que o mundo é mundo as coisas são assim, mas isso não quer dizer que Deus faça vistas grossas a tais ações. 
2. Paulo nos oferece uma orientação para o nosso rezar comunitário, recordando que ela deve incluir a todos e a todas as necessidades. Em alguns momentos não queremos rezar pelas nossas autoridades, mas se o bem e a ordem da nossa sociedade dependem de suas ações, não podemos nos negar, para o bem de todos. 
3. Nesse delicado momento que atravessamos, um certo sentimento de revolta pode bloquear a nossa espontaneidade. Paulo pede que o superemos, para o bem de todos. Isso não significa que não possamos manifestar a nossa insatisfação.
4. A mim surpreendeu o modo como serenamente o nosso ex-presidente admitiu que um político possa roubar e a cada eleição mendigar os votos dos eleitores para sobreviver. Jesus descarta qualquer semelhança que essa parábola possa ter com a nossa realidade. Ele não elogia as falcatruas realizadas anteriormente, é por causa delas que ele perdeu o emprego.
5. O elogio de Jesus é com relação à sua capacidade de refletir diante da situação. O seu "que vou fazer" faz eco a situação de desemprego que atravessamos. O administrador resolve diminuir a dívida dos credores do seu patrão para conquistar-lhes a simpatia quando deixar o emprego. Como diz o ditado, mais vale um amigo na praça que dinheiro na caixa. 
6. O elogio de Jesus vai na direção não do ato em si, mas de sua astúcia, para dizer: há algo que devemos aprender aqui. Como já sabemos, e só assim podemos compreender o elogio do patrão, o empregado abriu mão dos lucros pessoais, que estavam embutidos na dívida de cada um, prática comum na época. 
7. O texto segue com algumas conclusões. É normal que os filhos da luz não sejam iguais aos filhos desse mundo, porque não devem ser inescrupulosos em seus negócios. O problema é quando eles começam a agir tal e qual. Há quem intérprete esse texto num apelo de Jesus a que sejamos espertos naquilo que realmente importa em nossa vida cristã. 
8. Jesus admite que por trás das riquezas desse mundo reine alguma injustiça. Como isso é inevitável, ao menos se pode granjear amigos fazendo bem ao próximo. Jesus nos convida a consciência de que somos meros administradores das coisas deste mundo. Aqui não se trata de abrir mão delas, mas de administrar os bens desse mundo da melhor maneira possível. Ao nos vermos diante de dois senhores, Jesus deixa claro que servir a Deus passa pela capacidade generosa da partilha, não acumulando tudo para si, como poderia ditar o outro senhor, numa ciranda de cumular sempre mais e sem medidas...

 Pe. João Bosco Vieira Leite