Sábado, 20 de agosto de 2016

(Ez 43,1-7; Sl 84[85]; Mt 23,1-12) 
São Bernardo, abade e doutor.

O retorno de Israel à cidade santa teria que ser acompanhado de presença do Senhor que enche de glória o Templo, repouso dos seus pés. Esta visão do profeta traduz uma renovada espiritualidade do povo após a amarga experiência do exílio. 

O capítulo 23 de Mateus é caracterizado pela crítica de Jesus aos escribas e aos fariseus, que não deve ser lido como uma crítica ao povo judeu. Provavelmente esse capítulo reflete o conflito da comunidade primitiva hostilizada pelos fariseus, o grupo mais forte e influente naquele momento histórico. Assim as suas críticas são uma chamada de atenção à própria comunidade para o risco de esconder-se atrás da observância de certas normas, ao estilo farisaico. “Jesus confirma a autoridade dos escribas e fariseus. O que eles ensinam está perfeitamente correto. Mas ele os acusa de não mexerem um dedo sequer ‘para remover os fardos’ (não é ‘tocá-los’ ou ‘movê-los’, como dizem algumas traduções). Nada fazem para interpretar a lei de maneira que não se torne um peso desnecessário para os homens. No fundo, eles não se interessam pelas pessoas, porque não dividem a sua vida com elas, colocando-se antes acima delas. Esse perigo não existia só naquele tempo, para os fariseus, ele existe também para qualquer exegeta e teólogo, para qualquer agente pastoral. Jesus nos admoesta a verificar se em nossa pregação estamos realmente atentos às preocupações e necessidades das pessoas, ou se nos satisfazemos com uma teologia abstrata e com regras morais exageradas que não fazem jus ao ser humano. Jesus quer uma teologia misericordiosa que não despreze o ser humano, uma moral misericordiosa que não escravize nem provoque uma consciência pesada” (Anselm Grun, “Jesus mestre da salvação”- Loyola). 
  
Pe. João Bosco Vieira Leite