Quinta, 11 de agosto de 2016

(Ez 12,1-12; Sl 77[78]; Mt 18,21—19,1) 
19ª Semana do Tempo Comum.

Numa marcante e simbólica encenação, Ezequiel anuncia a queda de Jerusalém e o exílio babilônico. É um modo do autor sagrado insistir com o seu leitor sobre certas realidades que deveríamos observar, mas que não damos a devida atenção. Quantas vezes Deus nos tem dado pequenos sinais de advertência, mas não lhe prestamos ouvido?  A intenção de Deus é sempre a mudança de rota, a nossa conversão.

Nessas questões ligadas a vida comunitária, nada mais importante que a prática do perdão constante para que esta sobreviva. A pergunta de Pedro vem dentro dessa realidade: “Fica claro nessa parábola que Jesus, em sua resposta a Pedro, não pensa na quantidade, e sim na qualidade do perdão. Ele visa um perdão perfeito, um perdão que vem do fundo do coração. Como pode acontecer isso? Precisamos abrir o nosso coração e todos os seus recantos à misericórdia divina, para que não haja mais lugar para nenhum ressentimento. Muitos acham que uma atitude dessa é algo impossível. Eles bem que gostariam de perdoar, mas em seu interior sentem raiva, dor e tristeza. Para mim, o perdão do fundo do coração significa que permito a entrada do amor perdoador de Deus justamente nesses sentimentos negativos. Não posso realizar o perdão apenas por um ato de vontade. O coração não o acompanharia. Continuaria cheio de amargura e ódio. Para que possamos perdoar do fundo do coração, precisamos ter uma noção do perdão de Deus com a sua total ausência de limites, para que esse perdão nos torne capazes de perdoar. Depois de ter experimentado no fundo do meu coração que sou incondicionalmente aceito com a minha dívida e as minhas faltas, o perdão poderá brotar também do meu coração. Mas não posso saltar por cima dos meus sentimentos. Preciso permitir que eles sejam transformados, para que tudo em mim participe do perdão” (Anselm Grun, “Jesus mestre da salvação”- Loyola). 

Pe. João Bosco Vieira Leite