(Ap
11,19a; 12,1.3-6a.10ab; Sl 44[45]; 1Cor 15,20-27a; Lc 1,39-53).
1. Esse trecho entrecortado do livro do Apocalipse
é um retrato da Igreja na sua difícil missão de anunciar a mensagem cristã ao
mundo. Ela está à mercê das perseguições que já começaram. A imagem da arca que
aí aparece no templo, serve de símbolo e indicação da presença de Maria na
glória de Deus, como nos indicava a liturgia da missa da vigília.
2. A mulher em processo de parto é uma imagem da
Igreja perseguida, e ao mesmo tempo é Maria enquanto figura da Igreja, tendo
nas doze estrelas o símbolo do povo de Deus ou dos apóstolos. Aquela que
acompanhou o Filho até a cruz e participou dos seus sofrimentos, estende sua
maternidade à todos aqueles que acreditam em seu Filho. A liturgia que nos
levar a perceber que aquela que está tão junta ao Filho no céu, também está
junto a nós que peregrinamos nessa terra, que acreditamos e esperamos.
3. O nosso salmo é um cântico nupcial, dessa
relação de Deus com o seu povo. Na beleza da esposa os antigos teólogos da
Igreja viram a beleza de Maria elevada ao céu.
4. No cap. 15 de sua carta Paulo faz uma profunda e
longa dissertação para nos introduzir no mistério da ressurreição inaugurado
por Cristo. Tudo isso para dizer que se Cristo ressuscitou, nós
ressuscitaremos, pois somos membros do seu corpo. Desse confronto entre Adão e
Cristo, a Igreja confronta Eva com Maria. Maria está tão unida nesse mistério
redentor ao seu Filho, que acreditamos que toda vitória do filho sobre o pecado
e a morte, alcança de imediato a sua mãe.
5. Uma vez que Maria deu o seu sim a Deus, Lucas
nos conduz a um retrato sobre Maria e de sua vocação nessa visita a Isabel. A
anunciação e a visitação se completam. Jesus que já habita o ventre de Maria,
faz dela uma verdadeira arca da Aliança; a alegria que sentia o povo de Deus em
sua presença é a mesma de Isabel e do filho que ela traz em seu ventre.
6. Pela voz de Isabel, movida pelo Espírito Santo,
se proclama a bênção que Maria recebeu de modo particular, pois traz em seu
seio o autor de toda bênção. Sentindo-se agraciada por tal visita, lhe é impossível
não afirmar toda felicidade que Maria alcança pela sua fé. É quando Maria, em
sua humildade, toma a palavra para conduzir ao autor de tudo isso: Deus.
7. A solenidade da Assunção quer nos conduzir no
amor a Maria e também à Igreja, pois junto com ela invocamos a Maria como
advogada, auxiliadora, socorro, medianeira. Sem com isso subtrair ou
acrescentar alguma coisa à dignidade e à eficácia de Cristo, único mediador.
Como diz a frase: ‘Peça a mãe que o filho atende’, sabemos bem a origem de tudo
que recebemos.
8. A liturgia quer nos provocar também esse desejo
‘das coisas do alto’, como diz são Paulo. A festa da Assunção aponta para
aquilo que nos espera. E ao mesmo tempo espera que cresça em nós os sentimentos
celestes e que adotemos comportamentos morais que correspondam ao nosso desejo.
Sim, contemplamos Maria em sua glória ou na glória divina. Sua vida em Deus é
objeto de nossa meditação, mas também de nossa decisão de, com seu auxílio,
alcançarmos a mesma meta.
Pe. João Bosco Vieira Leite